O escritor tcheco Milan Kundera, autor de “A Insustentável Leveza do Ser”, que viveu quase cinco décadas em Paris, morreu aos 94 anos. A Biblioteca da Morávia (MZK), que abriga a coleção pessoal de Kundera, informou que ele morreu em seu apartamento em Paris na terça-feira (11) após uma longa doença.
Kundera ganhou elogios pela maneira como retratava temas e personagens que flutuavam entre a realidade mundana da vida cotidiana e o mundo elevado das ideias.
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“Milan Kundera foi um escritor que alcançou gerações inteiras de leitores em todos os continentes e atingiu fama global”, disse o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala.
“Ele deixa para trás não apenas ficção notável, mas também um trabalho de dissertação significativo.”
Kundera nasceu na cidade tcheca de Brno, mas emigrou para a França em 1975 depois de ficar no ostracismo por criticar a invasão soviética da Tchecoslováquia para reprimir o movimento de reforma liberal da Primavera de Praga em 1968.
Ele raramente dava entrevistas, acreditando que os escritores deveriam falar por meio do trabalho, mas seu relacionamento com o país de origem costumava ser difícil após sua partida.
Seu primeiro romance, “A Brincadeira”, foi publicado em 1967 e ofereceu um retrato contundente do regime comunista da Tchecoslováquia e do partido do qual ele ainda era membro.
Ele abandonou suas esperanças de que o partido pudesse ser reformado e mudou-se para a França em 1975. Quatro anos depois, ele perdeu sua cidadania tchecoslovaca.
Ele disse ao jornal francês Le Monde em 1976 que chamar suas obras de políticas era simplificar demais e, portanto, obscurecer seu verdadeiro significado, mas seus livros frequentemente adotavam um tom político.
Sua obra mais famosa, “A Insustentável Leveza do Ser” (1984), centrada na Primavera de Praga e suas consequências, foi transformada em filme estrelado por Daniel Day-Lewis e dirigido por Philip Kaufman em 1988, que ganhou duas indicações ao Oscar.
Kundera tornou-se cidadão da República Tcheca em 2019.