Cafés, croissant, Louvre, Montmartre, Torre Eiffel, Notre-Dame. São muitos os ícones universais do turismo na cidade mais visitada no mundo. Como a célebre fala em Casablanca, Paris é sempre uma boa ideia – inclusive para os negócios. A cidade das luzes é um dos 10 principais destinos Mice (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions) na Europa, setor que movimenta anualmente mais de 15 bilhões de euros na Île-de-France.
E esses dados não se referem apenas a grandes eventos como Roland Garros, Maratona de Paris ou Paris Fashion Week. De pequenos seminários a grandes congressos, dados da prefeitura de Paris indicam que os índices de presença em eventos internacionais são em média 20% superiores quando sediados ali, em comparação com outros destinos.
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Pode ser surpresa para muita gente, mas o turismo de negócios já é responsável por 50% de toda a arrecadação turística da capital francesa. A França é lider europeia em turismo Mice, com mais de 3.500 empresas especializadas e oficialmente engajadas nesse setor; Paris sozinha sedia uma média de 80 eventos diferentes por mês.
Os investimentos em estruturas de turismo de negócios e hotelaria são constantes por lá: a cidade tem propriedades da maioria das marcas e redes hoteleiras mundiais e recentemente inaugurou hotéis Bulgari, Delano, So/Paris, La Fiermontina, Dame des Arts, La Fantasia e o esperado Le Grand Mazarin, o primeiro da luxuosa Maisons Pariente na capital francesa.
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A expectativa é que as Olimpíadas 2024 (que devem movimentar gastos de 2,6 bilhões de euros, excluindo ingressos) contribuam para esse percentual superar consideravelmente a arrecadação do turismo de lazer na cidade. “Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos são um estímulo para trabalharmos as expectativas dos visitantes e potencializar suas experiências, seja a trabalho ou a lazer”, disse a assessoria de imprensa da prefeitura parisiense. “Elaboramos um documento estabelecendo critérios rigorosos para facilitar as viagens de negócios e criar experiências em eventos que sejam sempre ampliadas, sustentáveis e inovadoras.”
A nova fase está refletindo diretamente nas visitações de todos os nichos. A receita turística dos primeiros meses de 2023 aumentou 21% em relação ao mesmo período de 2019, gerando expectativas por novos recordes de arrecadação na cidade até o fim do ano – mesmo com diversos cancelamentos recentes na hotelaria local devido aos conflitos sociais dos últimos meses (que afetaram muito mais o turismo de lazer do que o turismo de negócios).
Em Paris, todo turista sai ganhando
A boa notícia é que as obras e melhorias desenvolvidas de olho nas Olimpíadas estão ampliando a acessibilidade da cidade em todas as frentes – lazer, negócios e também para os próprios moradores. A reestruturação urbana da cidade tem claro foco em sustentabilidade: Paris quer ser um exemplo internacional de cidade sustentável e a primeira livre de plásticos de uso único já no próximo ano. A organização de Paris 2024 garante também que fará as Olimpíadas “mais sustentáveis da história”, cortando pela metade as emissões de CO2 dos jogos de Londres e do Rio.
Dos 6 bilhões de euros previstos para os custos olímpicos, a administração da cidade afirma que arcará com apenas 370 milhões, divididos ao longo de oito anos (2018 a 2025) – ficando responsável pelas obras que possam, segundo a prefeitura, “deixar um legado tangível, ecológico e concreto” para moradores e visitantes. Um total de 8,5 hectares de novos espaços verdes já foram criados em Paris. E a ideia é também transformar estruturas construídas para os jogos em espaços sociais, como moradias, campus universitário, escolas, praças etc., e conquistar, enfim, a tão esperada despoluição de parte do Rio Sena até o fim do ano que vem.
A cidade vem ganhando nova estrutura com foco nos pedestres e no transporte público – incluindo novas linhas e estações de metrô e também dos trens de superfície, que agora chegam a ainda mais pontos da Grande Paris. Aproveitando o estímulo aos negócios sustentáveis, a chinesa Caocao Mobility também levou seu aplicativo de mobilidade urbana (com aporte de 10 milhões de euros) à cidade; já são mais de 800 veículos da frota 100% elétrica ou híbrida operando regularmente por lá.
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Antigas atrações turísticas foram repaginadas, como o Hôtel de la Marine e o Musée d’Ennery, reabertos para visitação, e o Panthéon, que ganhou um novo tour, que leva à sua cúpula, com vista panorâmica para a cidade. Novos restaurantes – incluindo Bonnie, HaSalon, as novas casas dos chefs Dani Garcia e Dominique Crenn, e até os novos cafés da Louis Vuitton e das Galeries Lafayette – andam dando mais sabor a cada visita. Ao que tudo indica, a cidade mais desejada e visitada do mundo está conseguindo ficar ainda melhor.
Reportagem publicada na edição 110 da revista, disponível nos aplicativos na App Store e na Play Store e também no site da Forbes.