A partir do próximo sábado (20), as três décadas de carreira de Alexandre Herchcovitch estarão dispostas no Museu Judaico de São Paulo. Na exposição “Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda“, visitantes não apenas poderão acessar um acervo de roupas, sapatos, bolsas, chapéus, fotos e vídeos exclusivos de desfiles, mas também explorar mais sobre a trajetória e o processo criativo do estilista.
A presença no Museu Judaico não é à toa. Alexandre é filho de imigrantes judeus de segunda geração, e iniciou sua carreira como estilista aprendendo com sua mãe, Regina, dona de uma confecção de lingeries na época. “Eu me sinto extremamente feliz pelo convite do Museu Judaico e pela oportunidade de deixar as roupas um pouco mais próximas do público final que, muitas vezes, veem a imagem através de um desfile, de uma campanha, ou mesmo nas lojas, mas nunca não tem a oportunidade de estar pertinho assim da roupa. Espero que seja a primeira exposição de muitas”, disse Herchcovitch em entrevista à Forbes.
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A curadoria de Maurício Ianês reconta os anos de trabalho criativo de Herchcovitch, que o levaram às principais semanas de moda do mundo (como Paris, São Paulo, Londres e Nova York) e a vestir personalidades como a estrela islandesa Björk e a atriz norte-americana Scarlett Johansson – além de renomadas modelos como Gisele Bündchen, Caroline Ribeiro e Fernanda Tavares, ícones da moda internacional nas décadas de 1990 e 2000.
“Eu espero que as pessoas mergulhem no universo do Alexandre. Por isso, ao invés de fazer algo muito histórico com cronologia, a gente pensou em juntar tudo para criar uma atmosfera em que a pessoa mergulha nesse mundo e em todas as facetas e produções criativas dele”, conta Ianês. “Também queremos que as pessoas sintam uma proximidade com a criação dele. Isso foi muito importante para a gente. Às vezes, há uma distância entre o público e a roupa, mas aqui a gente quis dar uma atmosfera um pouco mais aconchegante, que não tivesse essa cara de museu com tudo branco, porque parece que as pessoas têm medo de entrar”.
O designer utilizou a moda como uma ferramenta para questionar os padrões de gênero e representatividade. A exposição relembra o senso de coletividade, subversão e inclusão que o guiaram para desafiar os preconceitos e limites de um mercado exclusivo e tradicional, tudo isso a partir de um olhar queer. “Tenho algumas influências, como a noite de São Paulo. Eu era um adolescente, jovem adulto quando comecei a descobrir a cena techno e club na cidade nos anos 90. Isso acabou influenciando muito o meu trabalho”, conta Herchcovitch.
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O estilista também aborda como a estética das mulheres judias religiosas da Europa Central e do Leste e as roupas dos Haredim (judeus ultraortodoxos) se misturaram a macacões sadomasoquistas, sapatos de salto alto, roupas de látex, babados inspirados por Carmen Miranda e mais.
“Sem dúvida esse é um grande marco na minha carreira. Eu já participei de outras exposições coletivas, mas como esta é a primeira vez. Acho que estou aprendendo a enxergar minha obra de outro jeito. Não só como uma roupa… Tem algo a mais nisso, é uma forma de expressão”, finaliza o estilista.