Abrir as portas de um quarto no Arpoador Hotel é uma experiência quase mágica, que inevitavelmente arranca suspiros – seja na primeira vez ou em todas as subsequentes. E não é para menos: uma ampla janela emoldura a vastidão do mar carioca, inundando a acomodação com seus variados tons de azul. É uma recepção deslumbrante ao Rio de Janeiro. Ao lado da cama, uma rede de descanso se revela como o local mais convidativo do quarto para apreciar a vista. E, como se isso não fosse o suficiente, o box do banheiro, estrategicamente posicionado, permite que o hóspede se banhe sem perder nenhum detalhe do cenário marítimo.
Esses são apenas alguns dos detalhes que compõem a bossa praiana do hotel, ícone do lifestyle chic despojado carioca. Reformado em 2019, ele completou 50 anos em 2024 mais moderno do que nunca, em uma das melhores localizações do Rio: uma rua fechada para pedestres à beira-mar em uma península, logo quando Copacabana vira Ipanema. Tudo a poucos passos da areia, sem precisar atravessar avenida nenhuma.
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Ao todo são 49 quartos, 15 deles de frente para o oceano e para um dos cartões-postais mais famosos da cidade: a Pedra do Arpoador. A maior suíte, batizada com o mesmo nome do hotel, dispõe de 50 metros quadrados com uma varanda debruçada sobre o mar, sala de estar, um chuveiro para duas pessoas e uma banheira king size.
Do saguão ao quarto, a sensação é de estar em casa, de pés descalços e espírito solto. O sentimento é muito bem traduzido por todos os ambientes do empreendimento, assinados pelo arquiteto Thiago Bernardes: da madeira do piso, que remete a um deque de navio, aos materiais como palha, fibras, linho e algodão da decoração, tudo traz aos espaços internos essa máxima do bem-viver carioca.
Um toque especial na hospedagem é o serviço de praia. Da areia, com as cadeiras e guarda-sóis do hotel, é possível pedir uma variedade de quitutes deliciosos e drinks autorais da casa, que chegam perfeitos enquanto você aproveita o mar, sem nada de perrengue.
Outros dois destaques do Arpoador Hotel ficam cada um em uma extremidade: o bar no térreo e o terraço. No alto, o último andar guarda uma piscina triangular e uma das melhores vistas de Ipanema (e de todo o Rio), com a Pedra do Arpoador e o Morro dos Dois Irmãos emoldurados em cada ponta da praia. É dali que hóspedes podem tomar o super completo café da manhã (à la carte), com direito a pães fresquinhos feito no hotel e delícias como shakshuka, ovos com salmão gravlax e açaí orgânico da Amazônia com pérolas de tapioca. O programa de wellness, um dos pontos mais fortes do hotel, também tem aulas de yoga (sempre de segunda a sexta, das 8h às 9h15min), sauna e uma sala de massagens no terraço.
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Divulgação Tome café da manhã com essa vista no terraço
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Divulgação Yoga no terraço acontece de segunda a sexta
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Divulgação Tábua de café da manhã do hotel, com pães frescos, feitos ali mesmo
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Divulgação Piscina triangular
Tome café da manhã com essa vista no terraço
Já no térreo, o Arp Bar se estende até a orla da praia e virou um dos hotspots mais queridos do Rio – e não só entre turistas. Hóspedes se misturam com os locais nas mesas do Arp, especialmente as ao livre, com vista e maresia no rosto. No cardápio, itens para o dia todo: desde um belo café da manhã (e brunch aos finais de semana) a um bom drink com petiscos entre o final da tarde e a noite (com direito a ver de camarote o pôr do sol!). Às quintas, coquetéis exclusivos, criados pelo chef de bar Waguinho, são servidos ao som de música ao vivo a partir das 18h.
O carioca, responsável pela carta de drinks de todo o hotel, mistura autorais e clássicos. Entre suas criações, estão o Arp Mule (vodka, tamarindo, tangerina e espuma de cupuaçu), a Imperatriz Descolada (gin, abacaxi, água de coco, mel de cacau e suco de limão) e O Bronze Que É Ouro (campari, shrub de romã, suco de limão, tintura de urucum e ginger ale com cenoura).
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Divulgação O Arp Bar virou referência do lifestyle carioca, na orla de Ipanema
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Divulgação O bar é aberto para o público; as mesas ao ar livre, de cara para a praia, são as mais disputadas
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Divulgação Ceviche do Arp Bar
O Arp Bar virou referência do lifestyle carioca, na orla de Ipanema
As comidas são do chef Lucas Lemos, que dá destaque especial para os frutos do mar e faz uma fusão de culturas. Por isso, para uma experiência completa de petiscar, misture arepas com tacos de porco, bolinhos de falafel, ceviche e até bolovo de camarão. Já os principais vão de filé ao poivre a massas caseiras com frutos do mar e sanduíche de peixe crocante.
Tudo em família
O Arpoador Hotel é fruto do cuidado da mesma família nestas últimas cinco décadas. Fundado em julho de 1974 pelo casal Manoel e Rachel Strosberg, hoje quem gerencia o empreendimento é o neto, Daniel Gorin.
A história é de um amor familiar. O avô engenheiro (o único estudado entre os irmãos na época) e a avó artista viram na liberação da construção de hotéis na orla de Ipanema nos anos 70 uma oportunidade de deixar um legado para a família. Compraram então uma casinha na península do Arpoador. O que antes era uma residência com galinhas e cabras no quintal logo virou o hotel, com a fachada original projetada pelo pai de Daniel, arquiteto formado. O projeto quase foi maior. “O terreno ao lado do que meu avô comprou também foi oferecido, mas ele não tinha dinheiro suficiente na época”, lembra o neto.
Formado em comunicação, Daniel sempre foi das artes. Fez cursos de artes visuais e chegou a morar em Londres por seis anos, onde trabalhou ao lado do famoso fotógrafo Mario Testino. Se envolver no hotel nunca fez parte dos planos, mas logo quando o Rio foi eleito a sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas, sua família decidiu fazer uma mega reforma. Isso acendeu algo nele: “Foi algo que foi crescendo em mim, comecei a pensar muito nisso e até a sonhar com o hotel, com a sua fachada reformada. Então resolvi voltar. Era para ser por tempo limitado, mas percebi que ia ser um projeto grande”.
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Fechado por um ano e 10 meses, o Arpoador Hotel reabriu as portas totalmente renovado em 2019. “Apesar de estar em uma das melhores localizações da cidade, ele era antes um hotel muito turístico, de categoria econômica. Queríamos criar um produto boutique, que refletisse o lifestyle carioca e ressaltasse suas características únicas, como a localização tão próxima do mar”, conta.
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Arquivo Hoje em dia, o Hotel Arpoador fica na orla, mas no seu ano de inauguração, 1974, o cenário era bem diferente: a rua era aberta para carros
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Arquivo Rachel e Manoel Strosberg, os fundadores do Grupo Arpoador, em foto do
arquivo familiar -
Arquivo Fachada original do Arpoador, projetada pelo pai de Daniel
Hoje em dia, o Hotel Arpoador fica na orla, mas no seu ano de inauguração, 1974, o cenário era bem diferente: a rua era aberta para carros
Acompanhando as transformações culturais da cidade nestes 50 anos, a sensação de Daniel é que se formou uma comunidade em torno do hotel de sua família: “Sempre enxergamos hotéis como portos seguros em cidades turísticas, que locais e outros viajantes possam frequentar. Por isso quisemos fazer um restaurante de portas abertas, sem separação com a orla e que o interior e exterior se misturam. Aqui, a praia é a amálgama das pessoas e das relações”.