É a terceira vez que as Olimpíadas de Verão são realizadas em Paris, mas é inédita na história da competição a cerimônia de abertura acontecer ao ar livre, com as delegações desfilando em barcos no Rio Sena. Incomparáveis também são as arenas abertas, que recebem 10.500 atletas de 206 países para disputar medalhas em 28 modalidades.
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Destacamos cinco arenas que certamente deixarão saudades. Confira:
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Foto: ZZ3701/Getty Images ESPLANADA DOS INVÁLIDOS
Uma enorme área aberta e gramada se estende ao lado do Hotel Nacional dos Inválidos. Ele faz parte de um conjunto de prédios que remete à história militar da França – em 1677, durante o reinado de Luís 14, o local foi erguido para receber feridos de guerra. Hoje em dia, hordas de turistas cruzam o lugar para visitar monumentos e museus como o do Exército, o de História Contemporânea e o de Mapa e Relevos. São atração também os túmulos de heróis de guerra, como o de Napoleão Bonaparte (1769- 1821), ali sepultado em 1840. Durante os Jogos, a Esplanada, com capacidade para 8 mil pessoas, vai receber as provas de tiro com arco e a linha de chegada da maratona. No tiro, o Brasil será representado por Marcus D’Almeida e Ana Luiza Caetano. É a terceira Olimpíada de Marcus – no Rio (2016), foi eliminado na primeira rodada; em Tóquio (2021), conseguiu o melhor resultado do país na modalidade ao ser eliminado nas oitavas. Agora, as expectativas por medalha são enormes, já que ele é líder do ranking mundial e foi eleito o melhor arqueiro do mundo em 2023, conquistando o ouro na Copa do Mundo. Ana Luiza vai ocupar a vaga de Ana Clara Machado, que garantiu a participação feminina durante o Pan-Americano de Santiago. Na maratona, o Brasil teria a participação de Daniel Ferreira do Nascimento. A 10 dias da abertura da Olimpíada, no entanto, foi divulgado que o exame antidoping que ele fez no início de julho positivou. Daniel não mais cruzará a linha de chegada na Esplanada dos Inválidos.
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Foto: Divulgação PALÁCIO DE VERSALHES
A semente do Palácio foi lançada em 1623 quando Luís 13 resolver ter um pavilhão de caça próximo à cidade de Versalhes. Foi o filho dele, Luís 14, que ampliou o conceito do lugar, construindo ali um refúgio para festas sem hora para acabar. Hoje, o que se vê no local deixa qualquer um de queixo caído, seja pela exuberância e simetria dos jardins, seja pela suntuosidade do edifício que virou a meca da realeza francesa em 1682. Foi só em 1883 que ele se tornou um museu e, em 1979, o primeiro lugar do país a receber o título de patrimônio mundial da Unesco. Durante a Olimpíada, Versalhes assiste às modalidades de hipismo e pentatlo moderno (esgrima, hipismo, natação e corrida com tiro esportivo). Foi montada uma arena temporária que, dependendo do evento, comporta de 15 mil a 40 mil pessoas. No hipismo, a equipe brasileira conta com nove atletas. Destaque para Rodrigo Pessoa, de 51 anos, que, em Paris (cidade onde nasceu), torna-se o primeiro brasileiro a participar de oito edições dos Jogos Olímpicos de Verão. Desde Barcelona (1992), Rodrigo só ficou fora dos Jogos no Rio (2016). Ele conquistou o ouro individual em Atenas (2004) e dois bronzes por equipe: Atlanta (1996) e Sydney (2000). No pentatlo, nossa representante é Isabela Abreu, que carimbou o passaporte para Paris em outubro de 2023, ao chegar em nono lugar no Pan de Santiago e se classificar por ter sido a melhor entre as sul-americanas.
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Foto: Ezra Shaw/Getty Images ESTÁDIO DA TORRE EIFFEL
É muito provável que o vôlei de praia seja uma das modalidades mais lembradas após os Jogos Olímpicos de Paris. Isso graças à localização da sua arena, logo abaixo do principal cartão-postal da cidade. Com 330 metros (nove vezes a altura do Cristo Redentor) e mais de 10 toneladas, a torre de ferro ao lado do rio Sena foi construída em caráter provisório para a Exposição Universal em 1889 para celebrar o centenário da Revolução Francesa. Escolhida em um concurso e projetada por Gustave Eiffel (1832- 1923), a estrutura – de 1710 degraus e base quadrada com 125 metros de lado – deveria ser desmontada após a exposição (mas, pelo jeito, deve ficar assim mais um tempo…). Fotografada por mais de 6 milhões de pessoas por ano, trata-se do monumento pago mais visitado do mundo. É nesse cenário (em uma arena provisória para 12.860 pessoas) que o Brasil espera fazer bonito com quatro duplas: Ana Patrícia e Duda (líderes do ranking mundial); Carol Solberg e Bárbara (em quinto no ranking); André e George (segundo lugar no ranking); e Arthur e Evandro (sextos no ranking). Com 13 medalhas (três de ouro, sete de prata e três de bronze) na modalidade disputada desde Atlanta (1996), o Brasil é o maior vencedor do vôlei de praia. Só ficamos sem medalha em Tóquio (2021). Que Paris nos recoloque no pódio – ainda mais agora, em um lugar tão lindo.
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Foto: Sean M. Haffey/Getty Images TEAHUPO’O
As ondas tubulares de Teahupo’o são o objeto de desejo dos grandes surfistas do planeta. As montanhas de água que se formam na bancada de corais, longe da praia, são extremamente desafiadoras e, ao lado de Pipeline (Havaí), compõem as etapas mais emblemáticas da World Surf League (WSL). Não bastassem a transparência da água e a plasticidade dos tubos gigantes, a ilha do Taiti, na Polinésia Francesa, chama a atenção pelos picos escarpados cobertos de verde. É a segunda disputa olímpica da modalidade – a primeira é inesquecível. Depois de quebrar a prancha no início da bateria final, o potiguar Ítalo Ferreira bateu o japonês Kanoa Igarashi com bastante autoridade: 15.14 a 6.60 no mar mexido de Tsurigasaki, nos Jogos de Tóquio (2021). No Taiti, o surfe feminino do Brasil conta com Luana Silva (herdou a vaga de Stephanie Gilmore, que desistiu de competir), Tainá Hinckel e Tatiana Weston-Webb (eliminada nas oitavas em Tóquio); no masculino, João Chianca, Filipe Toledo (atual bicampeão da WSL, mas que não está correndo o circuito este ano em nome da saúde mental) e Gabriel Medina, que perdeu a semifinal de Tóquio para Igarashi, mas que tem, em Teahupo’o, uma de suas ondas favoritas e excelentes performances (das nove vezes que competiu no circuito mundial, fez seis finais e ganhou duas vezes).
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Foto: Matthew Dixon/Getty Images PRAÇA DA CONCÓRDIA
Localizada entre os jardins Champs-Élysées e Tuileries, a Praça da Concórdia – a maior da cidade – vai se transformar no palco dos esportes urbanos durante os Jogos Olímpicos. Aqui acontecem as modalidades de ciclismo BMX freestyle, skate, basquete 3×3 e breaking (dança de rua que estreia nos Jogos, sem atletas brasileiros). Ornamentada pelo Obelisco de Luxor (de 22 metros; está ali desde 1836) e por duas lindas fontes (des Fleuves e des Mers), cercada por edifícios históricos espetaculares, como o Rosewood Hôtel de Crillon e o Hôtel de la Marine, a Praça da Concórdia deve receber diariamente mais de 37 mil pessoas. Em meio a esse visual deslumbrante, Rayssa Leal, a Fadinha, conquistou sua segunda medalha olímpica – ela se tornou a atleta brasileira mais jovem a subir no pódio em uma Olimpíada ao ficar com a prata em Tóquio (2021), aos 13 anos. Se, por um lado, o local foi endereço de momentos memoráveis e de celebração nacional (como a Exposição Universal, em 1900, e a festa do fim da Primeira Guerra Mundial, em 1945), a praça sediou passagens sangrentas, como durante a Revolução Francesa, quando ali foram guilhotinadas 1.119 pessoas, entre elas Luís 16, Lavoisier e Maria Antonieta.
ESPLANADA DOS INVÁLIDOS
Uma enorme área aberta e gramada se estende ao lado do Hotel Nacional dos Inválidos. Ele faz parte de um conjunto de prédios que remete à história militar da França – em 1677, durante o reinado de Luís 14, o local foi erguido para receber feridos de guerra. Hoje em dia, hordas de turistas cruzam o lugar para visitar monumentos e museus como o do Exército, o de História Contemporânea e o de Mapa e Relevos. São atração também os túmulos de heróis de guerra, como o de Napoleão Bonaparte (1769- 1821), ali sepultado em 1840. Durante os Jogos, a Esplanada, com capacidade para 8 mil pessoas, vai receber as provas de tiro com arco e a linha de chegada da maratona. No tiro, o Brasil será representado por Marcus D’Almeida e Ana Luiza Caetano. É a terceira Olimpíada de Marcus – no Rio (2016), foi eliminado na primeira rodada; em Tóquio (2021), conseguiu o melhor resultado do país na modalidade ao ser eliminado nas oitavas. Agora, as expectativas por medalha são enormes, já que ele é líder do ranking mundial e foi eleito o melhor arqueiro do mundo em 2023, conquistando o ouro na Copa do Mundo. Ana Luiza vai ocupar a vaga de Ana Clara Machado, que garantiu a participação feminina durante o Pan-Americano de Santiago. Na maratona, o Brasil teria a participação de Daniel Ferreira do Nascimento. A 10 dias da abertura da Olimpíada, no entanto, foi divulgado que o exame antidoping que ele fez no início de julho positivou. Daniel não mais cruzará a linha de chegada na Esplanada dos Inválidos.
Reportagem publicada na edição 121 da revista, em julho de 2024
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