Fernanda Ralston gosta de se definir como uma tradutora. Em seu novo projeto, a plataforma de videoarte “I Am Creation”, a brasileira residente de Los Angeles faz justamente isso ao traduzir o pensamento de criadores e artistas contemporâneos em vídeos de até 15 minutos, que ela chama de “quadros vivos”.
“A proposta é que você possa ter esses curtas na sua casa rodando numa parede como se fosse um quadro vivo. E quando quiser, pode ligar o som e ouvir a mensagem desses criativos e criadores”, explicou ela no evento de lançamento da nova coleção brasileira nesta semana, em São Paulo.
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Fernanda fez a curadoria de nomes do projeto com quatro talentos paulistanos: Facundo Guerra, empreendedor cultural que transformou a vida noturna de São Paulo; o arquiteto Rodrigo Ohtake; Zezão, grafiteiro famoso por suas intervenções urbanas; e Ana Carolina Ralston, pesquisadora e curadora de arte independente.
Cada um estreia seu próprio videoarte, de até oito minutos, dirigidos pelo cineasta Tocha Alves. “Quem tem mais de oito minutos para absorver conhecimento hoje em dia? Estes filmes curtos trazem insights e experiências de vida assimiladas de forma mais divertida e mais efetiva do que longos workshops ou cursos de longa duração”, comenta Fernanda, que quer levar estas obras para o exterior. “Um dos luxos de hoje é ter acesso ao conhecimento desses criadores e criativos, é saber o que pensam essas pessoas que lançam as novas tendências”.
O formato foi curioso até para os idealizadores: “Me indaguei sobre o que era esse projeto durante todo o processo de criação. O que estamos fazendo? É um curta, um documentário, um pensamento, uma rede social, um produto? Na verdade, é uma coisa nova, que ninguém fez. É um veículo de informação, de bom gosto, de ideia. Arte é isso”, contou Alves.
A iniciativa marca a retomada de Fernanda no mercado brasileiro, desde que mudou-se para a Califórnia, em 2021, ao vender o hotel Botanique. É também uma continuidade de seu trabalho iniciado há mais de 15 anos, focado em apontar tendências de consumo baseadas no luxo.
Design holístico em voga
A plataforma I Am Creation estreou no começo do ano, em Los Angeles, com a edição “The Language of Home”. Com cinco videoartes produzidos pelo videomaker em ascensão Noah Hecht, a coleção foca no conceito do “Morar”, baseada no design holístico – tema de pesquisas nas universidades da Califórnia, de onde Fernanda teve o primeiro contato com o assunto.
“Não basta mais o design ser funcional, bonito ou ecológico. Ele tem que passar por essa pesquisa da neuroplasticidade. Já é comprovado cientificamente que os nossos espaços e o design, comunicam com nosso subconsciente. Isso dá poder para nos impulsionar para frente ou atrapalhar”, explicou a idealizadora, que diz que o assunto vai “muito além das crenças de Feng Shui do passado”.
Ela se juntou à especialista Kimberly Garner, fundadora da School of Holistic Design nos EUA e pioneira no assunto da neuroplasticidade, para a empreitada. Nos vídeos, Kimberly explora como os objetos e os espaços onde vivemos podem influenciar na maneira como nos percebemos e percebemos o mundo ao nosso redor, a partir de um ponto de vista científico.
Para difundir esta primeira coleção no Brasil, Fernanda escolheu como parceira a Theodora Home, de Marcela Caio. O e-commerce será responsável pela promoção e comercialização dos filmes, além de uma curadoria de ambientes.
Respeitando os princípios da neuroplasticidade pregada por Garner, Marcela e Fernanda escolheram peças de designers brasileiros para criar cinco espaços da casa: entrada, living room, banheiro, cozinha e quarto.