3 palavras sobre a coleção nova de Alexandre Herchcovitch

Zé Takahashi/Divulgação SPFW

Runaway Alexandre Herchcovitch na SPFW

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Alexandre Herchcovitch foi quem inaugurou a edição N58 do São Paulo Fashion Week, que acontece até a próxima segunda-feira (21/10), na capital paulista. De volta ao line-up da maior semana de moda da América Latina, o estilista apresentou no Complexo Júlio Prestes uma coleção que – assim como tudo o que ele faz – sugere um vocabulário próprio de ideias. Aqui, 3 palavras para falar sobre o Verão/Outono da marca Herchcovitch Alexandre.

Sob medida

Vamos voltar para o dia 1º de setembro: nessa data, a atriz Fernanda Torres representou o Brasil em mais de uma maneira no Festival de Veneza. Primeiro, à frente do filme “Ainda Estou Aqui” de Walter Salles, com uma atuação ovacionada por 10 minutos na première. Depois, por sua escolha de moda para a ocasião: um vestido azul em cetim duchesse duplo de seda pura, feito sob medida por Alexandre Herchcovitch a partir de um modelo recém-desfilado na Casa de Criadores. O que isso nos relembra? Que o criador da peça é um dos maiores nomes da moda nacional quando o assunto é a construção de uma roupa one-of-a-kind, ajustada com precisão ao corpo da cliente.

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Ontem, ele foi além e mandou avisar: que isso não se limite aos red carpets. “A nova coleção busca desmistificar a ideia de que roupas sob medida são exclusivamente para festas, mostrando que elas podem ser criadas para qualquer ocasião, incluindo o dia a dia”, disse o estilista no backstage. Sob medida para o cotidiano: é assim que Alexandre enxerga sua moda atual. Neste desfile, por exemplo, qualquer uma das peças pode ser encomendada su misura, seja lá qual for o corpo ou a ocasião.

Timeless

Sabe aquela sensação de bater o olho em uma roupa e enxergar imediatamente a década que a inspirou? Para Alexandre, isso não é um objetivo – muito pelo contrário: quando olha para os seventies (que, diga-se de passagem, nunca foram seu momento fashion favorito), o estilista busca subverter os signos mais facilmente associados ao período. Os seventies aparecem, por exemplo, na escolha da tonalidade do jeans, mas esses mesmos jeans também ganham recortes profundos e ousados, os posicionando nos dias de hoje.

O brilho que marcou os anos 1970 também está ali (num jacquard, no lurex, no lamê, nos paetês que cobrem um costume de padronagem xadrez), mas nunca óbvio. Unindo uma construção têxtil única com materiais de qualidade inquestionável, Alexandre não borra apenas as linhas entre as décadas, mas garante atemporalidade. E não é disso que o luxo atual fala, esteja ele cruzando o tapete vermelho ou atravessando a rua?

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Intercâmbio

Geanine Marques, Johnny Luxo, Maurício Ianês, Max Bloom – a lista de criativos que colaboram com seu talento para o trabalho de Alexandre é longa e não é de hoje (Daiane Conterato, Fabi Mayer e Luciana Curtis são algumas das modelos do casting que comprovam isso). Além das parcerias comerciais que fazem parte de seu DNA, sempre aberto a trocas, ganhou destaque a collab com a artista e estilista Fábia Bercsek, também amiga de Alexandre, que criou as estampas feitas à mão que fecharam o desfile com uma profusão de cores. A história? De volta ao Brasil há pouco mais de um ano, Fábia recebeu o convite do estilista para desenhar com canetas da Staedtler um rolo de 2 metros de tecido.

Multicoloridas e em tons acid, as estampas pintavam uma alegoria sobre a liberdade de expressão, carregando até mesmo um certo tom hippie da década de 60. Mais figurativos do que os motivos abstratos que costumam permear o trabalho da artista fora da moda, os prints foram feitos de maneira absolutamente livre, em pouco menos de um mês. “A moda hoje tem tantas discussões sobre o significado das roupas. Poder assistir a um desfile que foi finalizado com camisetas – essa peça simples, clássica, aparentemente banal – foi tudo, menos o esperado”, conta Fábia.