O Mestre de Adega Baptiste Loiseau dispõe de poucos momentos preciosos para causar uma nova impressão. Após uma década no cargo, sua principal missão é honrar o legado do LOUIS XIII, um conhaque criado em 1874 e batizado em homenagem ao monarca francês do século XVII.
Como Mestre de Adega, função para a qual foi treinado durante sete anos sob a orientação de sua predecessora, Pierrette Trichet, Loiseau supervisiona todo o processo, desde o cultivo das uvas nos vinhedos de Cognac até o copo, passando pela colheita, destilação, envelhecimento em barris de carvalho francês e, por fim, a etapa de mistura.
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“É muito mais uma questão de intuição e emoção para decidir se precisa de mais tempo para evoluir,” afirma Loiseau durante uma entrevista virtual à Forbes. “Ou se é o momento certo para tirá-lo do barril, dos tierçons [barris de madeira], e colocá-lo na garrafa.”
Quando foi nomeado Mestre de Adega do LOUIS XIII em 2014, tornou-se o mais jovem da história a ocupar essa posição no mundo do conhaque. Nove anos depois, em 2023, Loiseau lançou seu primeiro barril raro, o LOUIS XIII Cognac Rare Cask 42.1, apresentado em um cristal negro Baccarat de edição limitada e vendido pelo preço sugerido de US$ 52,5 mil (R$ 294 mil). “É realmente o tipo de tesouro que eu buscava desde o início da minha nomeação como Mestre de Adega,” diz Loiseau.
Grande parte do prestígio do conhaque está ligada ao passado, e o que atraiu Loiseau ao barril único selecionado para o Rare Cask 42.1 foi sua capacidade de evocar emoções de sua infância. Ele conta que o sabor o fez lembrar de seus avós, que eram horticultores e cultivavam flores na região de Cognac. O Rare Cask 42.1, explica Loiseau, é mais floral do que os sabores de nozes e colheita de outono presentes na edição limitada anterior, o Rare Cask 42.6. Segundo Loiseau, o Rare Cask 42.1 apresenta aromas de rosas secas, lilás e peônia, com notas de laranja e frutas exóticas como abacaxi, manga, lichia e maracujá.
Rare Cask 42.1: Edição limitada com poucas unidades restantes
Com apenas 775 decantadores disponíveis para venda globalmente, o Rare Cask 42.1 é um produto de luxo voltado para um público seleto, incluindo colecionadores com alto poder aquisitivo. “Desde o lançamento em 2023, tivemos uma forte demanda pelo Rare Cask 42.1, e agora temos apenas algumas unidades restantes,” afirma Anne-Laure Pressat, diretora executiva do LOUIS XIII Cognac na Rémy Cointreau, em comunicado.
Pela primeira vez em uma década, a Maison Rémy Martin está permitindo ao público em geral degustar o Rare Cask 42.1 por taça em alguns locais exclusivos, como o Baccarat Hotel, em Nova York; o Hotel Bel-Air, em Los Angeles; e o Faena Hotel, em Miami. O Rare Cask 42.1 também está disponível para compra na boutique pop-up do LOUIS XIII no hotel Wynn, em Las Vegas, até o final de novembro.
“Isso aumentou ainda mais a demanda, com muitos clientes buscando um segundo decantador – um para saborear agora e outro para guardar para o futuro,” explica Pressat, que também destacou que o valor da edição limitada anterior, o Rare Cask 42.6, “quase dobrou desde seu lançamento em 2013.”
A alta demanda pelo Rare Cask 42.1 contrasta com a tendência de queda nas vendas de conhaque em geral, que tem impactado as quatro principais marcas do setor: Rémy Martin, Hennessy, Martell e Courvoisier. Após um crescimento recorde em 2021 e 2022, os embarques de conhaque caíram 22%, chegando a 165,3 milhões de garrafas, de acordo com o Bureau National Interprofessionnel du Cognac.
Dois dos mercados mais importantes do setor enfrentam desafios distintos. Na China, uma economia mais fraca resultou em um desempenho ruim para o conhaque, enquanto, nos EUA, a alta demanda durante a pandemia levou a estoques elevados que consumidores e varejistas ainda estão tentando liquidar.
Vendas em queda, mas sustentabilidade em alta
Para a Remy Cointreau, controladora da Maison Rémy Martin, essas tendências desafiadoras resultaram em queda nas vendas e nos lucros no último ano fiscal, já que 65% das receitas vêm das marcas de conhaque Rémy Martin, LOUIS XIII e Brillet. O restante dos negócios inclui o licor Cointreau, o rum Mount Gay, o uísque Westland e outros destilados. Em outubro, a empresa reduziu suas previsões para o ano fiscal.
Apesar da pressão nas vendas, uma área que tem recebido atenção contínua é a sustentabilidade, incluindo métodos agrícolas regenerativos que permitem ao solo reter mais água, restauração da biodiversidade e captura de mais carbono nos vinhedos.
Desde que assumiu o cargo de Mestre de Adega, Loiseau expandiu suas responsabilidades para supervisionar a produção nas propriedades vinícolas da Maison Rémy Martin e a equipe da adega. Embora grande parte de sua função esteja enraizada na tradição e em honrar os 150 anos de história do LOUIS XIII, o aquecimento global representa um desafio mais recente que exige uma abordagem inovadora.
Loiseau afirma que está estudando de perto os efeitos das mudanças climáticas, que têm trazido verões mais quentes. Atualmente, a empresa costuma realizar a colheita um pouco antes do que fazia décadas atrás, para manter o equilíbrio adequado de aromas e os níveis ideais de acidez desejados na produção do conhaque. “É necessário preparar o futuro e entregar as chaves para a próxima geração,” conclui Loiseau.