São Paulo celebra mais um aniversário, reafirmando sua posição como o maior centro cultural e arquitetônico do Brasil. Para marcar a data, comemorada hoje (25/01), a Forbes reuniu os arquitetos Fernanda Marques, Jayme Bernardo, Paulo Jacobsen e Sig Bergamin para revelar os edifícios que mais os inspiram e que, em suas visões, capturam a essência plural da cidade.
As escolhas traduzem olhares únicos sobre construções que atravessaram décadas, moldando não só a paisagem urbana, mas também as conexões entre arquitetura, história e cotidiano. Esses edifícios contam histórias que vão além da estética, refletindo o movimento constante de inovação e transformação que define São Paulo e a projeta como um ponto de referência em design e urbanismo no mundo.
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Confira a seguir:
Fernanda Marques
MuBE – Paulo Mendes da Rocha
O MuBE, projetado por Paulo Mendes da Rocha, é uma obra pela qual tenho um carinho especial. Considero-a uma das construções mais emblemáticas da arquitetura brasileira contemporânea, pois me remete ao período da minha formação, quando tive o privilégio de ser sua aluna. A força arquitetônica do edifício é impressionante, com elementos que são marcas inconfundíveis de seu estilo. O icônico vão livre, as linhas retas e os volumes semienterrados de concreto criam a sensação de refúgio para as esculturas e as artes que acolhe, consolidando-a como uma das minhas obras favoritas na cidade.
Casa de Vidro – Lina Bo Bardi
A Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi, sintetiza tudo o que considero essencial na arquitetura: leveza, integração com a natureza e um diálogo genuíno com os visitantes. É uma construção icônica por diversos motivos, mas o que mais me impacta é a ideia de uma caixa de vidro flutuando sobre o terreno preservado. Além de ser um marco do modernismo, a casa transmite uma harmonia que me inspira continuamente e que busco refletir em meus próprios projetos.
FAU-USP – Vilanova Artigas
A FAU-USP é um marco da arquitetura brasileira e um símbolo da arquitetura paulistana. Minha admiração por Vilanova Artigas transcende a monumentalidade do edifício ou sua funcionalidade multifacetada. Está profundamente conectada à experiência única que vivi nos cinco anos em que fui estudante ali.
A continuidade espacial que define o projeto não apenas exalta sua beleza arquitetônica, mas também transforma a vivência de seus usuários. A liberdade dos ambientes dialoga com a linguagem arquitetônica, promovendo uma integração fluida entre os ocupantes e a estrutura. Sem divisões rígidas, o espaço se torna dinâmico, onde rampas conectam níveis diferentes, pilares trapezoidais sustentam com leveza e paredes que não chegam ao teto criam um ambiente único. Cada detalhe do projeto convida à exploração e ao diálogo, reforçando a genialidade de Artigas como arquiteto e pensador.
Jayme Bernardo
SESC Pompéia – Lina Bo Bardi
O SESC Pompéia é um exemplo fascinante de como a arquitetura pode dialogar harmoniosamente com o entorno. Para mim, as janelas parecem dançar em um vasto paredão de concreto, criando ritmos visuais únicos, enquanto as passarelas flutuam no ar, conectando espaços e pessoas. Este projeto, uma obra-prima de Lina Bo Bardi, une brutalismo e poesia em cada detalhe, transformando o espaço em algo vivo e acolhedor.
Copan – Oscar Niemeyer
Escolher o Copan como inspiração foi quase inevitável. Esse ícone de São Paulo representa movimento, vida e uma arquitetura que conversa com a cidade em constante transformação. Oscar Niemeyer, com sua genialidade inconfundível, cria curvas que não apenas definem o horizonte, mas também estabelecem uma conexão entre a solidez do concreto e a leveza do movimento. É como se cada linha fluísse para abraçar as pessoas, traduzindo a essência de uma metrópole dinâmica e plural.
Edifício Itália – Franz Heep
O Edifício Itália destaca-se no skyline de São Paulo com seus impressionantes 165 metros de altura. Sua fachada modernista, apontando para o céu, é um tributo ao talento do arquiteto Franz Heep. Mais do que um marco arquitetônico, o edifício simboliza a integração entre modernidade e história, refletindo o espírito visionário da época em que foi concebido.
Paulo Jacobsen
Edifício Prudência – Rino Levi
Concluído em 1944 e localizado no bairro de Higienópolis, o Edifício Prudência é um marco da arquitetura modernista no Brasil. Projetado por Rino Levi, destaca-se pela fachada modulada com varandas contínuas e esquadrias metálicas, que garantem iluminação e ventilação naturais aos apartamentos. Com uma planta livre e espaços internos flexíveis, o edifício reflete a influência do modernismo europeu adaptado ao contexto urbano brasileiro. Sua concepção traduz a busca por soluções arquitetônicas que respondessem às demandas das cidades emergentes da época.
Edifício Louveira – Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi
Inaugurado em 1946, o Edifício Louveira, situado em Higienópolis, é um exemplo marcante da integração entre arquitetura e espaço público. Projetado por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, o conjunto de duas torres residenciais dialoga de forma fluida com a Praça Vilaboim. As fachadas, com brises coloridos em vermelho e amarelo, conferem identidade visual e dinamismo ao projeto. O uso de pilotis eleva as torres, liberando o térreo para a circulação e convivência, características emblemáticas do modernismo brasileiro.
Edifício Jaraguá – Paulo Mendes da Rocha
Localizado na Pompéia, o Edifício Jaraguá, projetado entre 1984 e 1988 por Paulo Mendes da Rocha, é uma expressão contundente do brutalismo paulista. Com uma estrutura imponente em concreto aparente, destaca-se pela simplicidade formal e funcionalidade. Amplos vãos estruturais, janelas dispostas assimetricamente e aberturas estratégicas garantem ventilação e iluminação naturais. O térreo, elevado por pilotis, cria uma interação fluida entre o edifício e o espaço urbano. A materialidade robusta e o design racionalista fazem do Jaraguá uma representação fiel da visão arquitetônica de Mendes da Rocha.
Sig Bergamin
Copan – Oscar Niemeyer
O Copan é pura poesia concreta, uma curva sedutora no horizonte geométrico da cidade. Projetado pelo gênio Oscar Niemeyer, ele representa o espírito brasileiro: sinuoso, vibrante e acolhedor. É o edifício que abraça São Paulo, com sua diversidade de moradores e o dinamismo urbano que pulsa dentro e fora dele. Uma obra-prima democrática onde luxo e simplicidade coexistem em harmonia. Gosto muito.
Museu de Arte de São Paulo (MASP) – Lina Bo Bardi
Ícone absoluto da arquitetura modernista, o MASP de Lina Bo Bardi é muito mais do que um museu; é um manifesto cultural. Sempre que passo por ali, me impressiono com a forma como desafia o peso da gravidade. O edifício ensina sobre arte, cidade e coragem, e representa a ousadia de sua criação.
Edifício Itália – Franz Heep
O Edifício Itália é um marco da cidade. Mais do que um prédio, ele é um testemunho de uma São Paulo industrial e modernizadora dos anos 1960. O terraço do restaurante Terraço Itália oferece uma vista que parece uma pintura viva da cidade, algo que me inspira. Além disso, a elegância europeia do edifício se combina perfeitamente com nossa brasilidade urbana. É um monumento que se impõe, mas também convida à contemplação.