Nove anos após seu primeiro título sobre a Cidade Maravilhosa, Bruno Astuto volta a retratar o Rio de Janeiro em uma nova obra publicada pela Assouline. Com lançamento mundial marcado para 27 de fevereiro, o livro traz um olhar renovado sobre a cidade, refletindo suas transformações e reafirmando sua identidade vibrante. O evento principal acontece em Paris, no dia 7 de março, reforçando a conexão internacional da obra.
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Diferente da edição anterior, que focava em narrativas históricas, desta vez as imagens assumem protagonismo, capturando o espírito carioca sob uma nova perspectiva. “O Rio não é só uma cidade, é um estado de espírito”, afirma Astuto. A obra explora desde a diversidade musical – incluindo o funk ao lado do samba e da bossa nova – até a riqueza religiosa e cultural da cidade, indo além dos cartões-postais tradicionais.
Com uma curadoria cuidadosa de imagens e frases de personalidades, o livro promete encantar tanto estrangeiros quanto brasileiros. “O Rio é inesgotável”, diz Astuto. A publicação já estará disponível para compra no site da Assouline e na Amazon, chegando ao Brasil entre março e abril. Além do evento principal em Paris, lançamentos também estão previstos para o Rio de Janeiro, Lisboa e Roma.
Confira conversa exclusiva a seguir.
Esse é o segundo livro da Assouline dedicado ao Rio de Janeiro. Como foi esse processo em relação ao primeiro livro que você fez com eles?
Sim, esse é o segundo. O meu primeiro livro foi La Légende de Rio, que eu escrevi em francês, e depois eles lançaram In the Spirit of Rio em inglês. Esse fazia parte da primeira coleção de livros de viagem da Assouline. O meu foi o último dessa série e foi lançado para os Jogos Olímpicos de 2016. Já faz nove anos desde então.
E como essa nova obra reflete a transformação da cidade e o seu olhar sobre ela, nove anos depois?
Tudo mudou, é impressionante. Até o conceito de glamour evoluiu. A Assouline é conhecida por seus livros sobre os destinos mais glamourosos do mundo, mas o que é glamour hoje? Nove anos atrás, glamour podia ser uma piscina infinita em uma praia paradisíaca. Hoje, é autenticidade. Eu quis trazer esse olhar para minha cidade: um glamour que vem da identidade e da história do Rio de Janeiro.
Como esse livro se diferencia do primeiro?
O primeiro livro foi muito voltado para apresentar o Rio ao leitor da Assouline, então tinha muito texto e história. Desta vez, o foco é a imagem. Vivemos tempos muito visuais, e eu já tinha contado muita história antes. Agora, era sobre mostrar o Rio sob um novo olhar.
E que elementos novos você trouxe para essa edição?
O Rio é muito mais do que a praia de Ipanema e Leboln. Eu nasci no Grajaú, na Zona Norte, um bairro cercado pela Mata Atlântica. Minha “praia” era a Floresta da Tijuca. Quis trazer essa perspectiva. Também explorei a diversidade religiosa da cidade, não apenas suas igrejas históricas, mas também a Umbanda, que nasceu no Rio.
Outro ponto importante foi a música. No primeiro livro, eu falei muito sobre samba e bossa nova. Agora, incluí o funk, que é um dos três ritmos musicais nascidos no Rio. A cidade mudou e eu quis refletir isso.
Como foi a seleção das imagens para o livro?
Algumas imagens eu já tinha, como fotos icônicas que produzi para a revista Ela, como a de Glória Maria no trono. Mas a colaboração do Sebastian Ratto foi fundamental. Ele é diretor de arte da Assouline e tem um olhar estrangeiro apaixonado pelo Rio, o que trouxe frescor à seleção. Além disso, ele teve acesso a arquivos preciosos, como os do Guilherme Araújo, que trabalhava com Gal Costa e Maria Bethânia.
O livro também traz frases de personalidades. Como foi essa curadoria?
Algumas frases vieram de entrevistas que fiz e coisas que li sobre a cidade ao longo dos anos, outras pedi diretamente. Silvia Fendi, que morou em Búzios, deu uma declaração linda sobre o Rio. Também busquei aforismos de pessoas que captaram a essência da cidade, como uma frase de Charles Darwin sobre o Rio.
Teve receio de cair em clichês?
Nenhum! Clichê é necessário. Não dá para fazer um livro sobre Paris sem colocar a Torre Eiffel. Mas a questão é como apresentar esses ícones de uma forma nova e significativa.
Qual foi o maior desafio deste livro?
O maior desafio foi traduzir a alma carioca contemporânea. O Rio não é só uma cidade, é um estado de espírito. E, nove anos depois, ele continua mudando, sempre vibrante e surpreendente. Quero que os estrangeiros se apaixonem e que nós, brasileiros, nos reapaixonemos. O Rio é inesgotável. Sempre haverá algo que faltou. Para contar tudo, teríamos que fazer um por ano, dois por ano. O Rio é enciclopédico. O Rio de Janeiro continua aí. E sempre vai continuar.