4 Conceitos para Resumir o Inverno 2025 da Valentino

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“Devemos saber: nenhuma intimidade pode nos despir definitivamente, nenhum véu pode ser rasgado para nos colocar diante do nosso verdadeiro eu. Porque a ideia de que há um eu autêntico, intocado pela vida e suas determinações, é enganosa”. Assim escreve Alessandro Michele sobre a coleção do inverno 2025 da Valentino, desfilado na Semana de Moda de Paris. 

O tema é intimidade – em tempos de redes sociais, sede de fama e muito oversharing, nada mais atual. Maximalista-raiz, o estilista italiano colocou 80 looks na passarela vermelha, com portas de banheiro público ao fundo. Quer entender o porquê do cenário? Listei abaixo os itens que explicam a coleção.

Intimidade

O diretor criativo cita os autores Mario Perniola e Michel Foucault, entre outros, para pensar a questão da intimidade. Ela existe, realmente, ou é uma ilusão? O que vemos na superfície reflete o que há no interior? São questões que o estilista coloca na passarela. “Penso que a exaltação da intimidade como abrigo é uma ilusão escorregadia: uma tentativa de estabelecer uma identidade sólida e permanente no fluxo de constante mudança da nossa existência”, escreve Michele. 

Mostra-esconde

Ao colocar a intimidade em xeque, Michele entra no jogo de mostra e esconde, que revela, ou quase revela, por meio de aberturas e transparências, o que deveria, comumente, estar escondido – um body de renda usado por fora, solto, por exemplo. Há, em contrapartida, muita roupa que veste e esconde, quase que de maneira misteriosa, soturna.

WC

O banheiro público se transforma em cenário – em bom Red Valentino, a cor que identifica a marca. O lugar sintetiza a ideia do contraste entre público e privado, entre pessoal e coletivo, entre o que está aparente na superfície e aparentemente escondido na profundidade do ser. 

Legado

Entre pensatas, há muitas roupas – são 80 looks. Como já vimos nos desfiles anteriores, Michele vem resgatando elementos estabelecidos por Valentino Garavani, como os pois, laços, drapeados, losangos, ombreiras e babados com abordagem glamourosa. Com seu talento para o styling e o olhar para o vintage, o diretor criativo mistura tudo isso em uma coleção que tem renda e lã, dourado e pastel, paletós longos e retos, ao lado de curtos acinturados. Um estilo que se tornou uma assinatura própria, com o perfume romântico que identifica a maison Valentino.

Com Antonia Petta e Milene Chaves

Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.

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