
A França, o país mais visitado do mundo segundo a Organização Mundial do Turismo, é amplamente admirada por sua culinária, clima e paisagens. Mas o que realmente significa viver bem por lá? E quanto é preciso ganhar para ser considerado financeiramente confortável?
O Observatoire des Inégalités é uma instituição que estuda as desigualdades na sociedade francesa e frequentemente publica dados sobre o que significa ser rico na segunda maior economia da Europa. A seguir, estão algumas de suas conclusões.
Metade dos trabalhadores franceses ganha menos de 2 mil euros
Um estudo de 2024, baseado em dados de 2022 do Insee (Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos), revela que metade dos trabalhadores da iniciativa privada na França que atuam em tempo integral ganha menos de 2,1 mil euros (R$ 13,8 mil) por mês após os impostos.
Um quarto dos trabalhadores recebe menos de 1,6 mil euros por mês (R$ 11 mil), enquanto quase um quarto ganha mais de 3 mil euros (R$ 19,8 mil) mensais. Os 10% que recebem os maiores salários ganham 4,1 mil euros (R$ 27,5 mil) por mês, e para estar no 1% do topo é necessário receber pelo menos 10 mil euros (R$ 66 mil) mensais após os impostos. Acima desse valor, não há dados disponíveis.
Esses números consideram apenas a renda, sem levar em conta os gastos, que variam de acordo com obrigações individuais e diferentes padrões de vida. A idade também não é considerada, o que pode influenciar os dados, dependendo do momento da carreira profissional. Além disso, os dados são referentes ao setor privado, onde os salários tendem a ser menores do que no setor público, já que os profissionais do setor público na França costumam ter maior qualificação.
Esses valores são apenas ligeiramente superiores aos dados divulgados pelo Insee em 2019.
O custo de vida em Paris varia conforme o valor do aluguel em cada arrondissement, mas estima-se que uma pessoa solteira gaste, em média, US$ 1,2 mil (R$ 6,9 mil) por mês, sem considerar o aluguel. Como comparação, o custo de vida médio em Paris é cerca de 25% menor do que em Nova York, com os aluguéis sendo cerca de 60% mais baixos. O aluguel de um apartamento de um quarto no centro de Paris pode custar, em média, US$ 1,4 mil (R$ 8,2 mil) por mês, e cerca de US$ 1 mil (R$ 5,8 mil) fora do centro.
É considerada rica a pessoa que ganha mais de 3,8 mil euros
Segundo um relatório de 2022 sobre o que significa ser rico na França, uma pessoa é considerada rica quando recebe o dobro da renda média nacional líquida, de qualquer fonte. Esse valor foi calculado em 3,8 mil euros (R$ 25,6 mil) por mês. Apenas 10% da população francesa atinge esse patamar.
O Observatoire des Inégalités disponibiliza uma ferramenta na qual é possível inserir o salário líquido mensal para verificar em que posição ele se encontra em relação ao restante da população francesa. A ferramenta, baseada nos dados mais recentes de 2022 do Insee, já foi utilizada mais de 3 milhões de vezes.
Outros Indicadores Usados para Medir a “Riqueza” na França
Pesquisas anteriores sobre o que significa ser rico no país apontaram outros indicadores além do salário. Ter 60 metros quadrados de espaço na residência, por exemplo, é um indicativo de conforto. Assim como possuir um carro de luxo, contar com ajuda doméstica ou ter recursos para viajar.
O estudo também considerou a segurança no emprego como um fator importante: ter estabilidade profissional e controle sobre a própria carga horária foi considerado um sinal de riqueza. Da mesma forma, acesso à educação e uma ampla rede de contatos familiares e sociais contribuem para uma posição mais segura na sociedade, reforçando a ideia de que “a riqueza gera riqueza”.
O dinheiro traz felicidade, mas só até 2,1 mil euros
Segundo o mesmo instituto, embora o dinheiro seja importante para garantir uma vida com dignidade, o aumento da renda não eleva proporcionalmente os níveis de felicidade. A pesquisa mostrou que a satisfação pessoal aumenta conforme a renda cresce entre os 5% mais pobres da população (que ganham 800 euros – R$ 5,2 mil) até atingir cerca de 2,1 mil euros (R$ 13,8 mil) por mês.
A partir desse ponto, pessoas com rendas maiores não relatam níveis mais altos de felicidade, mesmo aquelas que estão no 1% mais rico da população e recebem aproximadamente 6,5 mil euros (R$ 42,9 mil) mensais. Os dados sugerem que grandes quantias de dinheiro não garantem um aumento proporcional da felicidade.