Além dos 7.000 km percorridos em duas semanas, atravessando cinco regiões, o Sertões comemorou seu aniversário de 30 anos com uma novidade no SAS (Saúde e Alegria no Sertões). A iniciativa da organização, que leva atendimento médico às populações das cidades por onde a caravana passa há 10 anos, contou, nesta edição, com a ajuda de um grupo de médicos voluntários usando inteligência artificial e telemedicina para avaliar a saúde dos olhos dos pacientes.
A ferramenta usada no projeto piloto foi desenvolvida no Brasil e promete democratizar o acesso à saúde visual. “O Eyer é um retinógrafo portátil que permite fazer exames de retina de maneira muito fácil e rápida. Ele basicamente tira foto do fundo do olho e com esse exame pode-se detectar doenças como retinopatia diabética, glaucoma, catarata, retinopatia hipertensiva, entre outras”, explica José Augusto Stuchi, CEO e Cofundador da Phelcom, empresa que desenvolveu o dispositivo.
Leia mais: 24 horas para fazer história
O grupo de sete médicos e uma ortoptista atuou na cidade de Presidente Prudente (SP). “Atendemos 325 crianças e estamos tabulando para ver as alterações que encontramos”, conta Dr. Kimble de Matos, coordenador do setor de Uveíte do Hospital da Gamboa – Santa Casa do Rio de Janeiro, integrante da ação. “Entre outras doenças, buscamos identificar a toxoplasmose ocular (transmitida por fezes de animais), que é a maior causa de infecção no fundo do olho no Brasil. Acredita-se que é a sexta causa de cegueira a nível mundial”, completa.
Os dados coletados pelo Eyer, assim como as imagens feitas pelo dispositivo, são imediatamente armazenados em uma nuvem e podem ser acessados por médicos de qualquer parte do mundo. Outra vantagem é que o Eyer pode ser operado por qualquer agente com o treinamento adequado, não necessariamente por um médico. Dessa maneira, a iniciativa busca modernizar o atendimento oftalmológico, otimizando o processo de diagnóstico de mais de 300 doenças, através da telemedicina e com tecnologia brasileira.
“É um exame de grande importância se pensarmos que cerca de 80% dos problemas oculares poderiam ser evitados se houvesse um diagnóstico precoce”, explica Stuchi, que garante ainda que o Eyer possui vantagens que nenhum outro retinógrafo portátil oferece.
“Existem alguns retinógrafos portáteis no mercado, mas não com a qualidade de imagem, conectividade com nuvem e facilidade de exame que o Eyer possui. Hoje o aparelho tem a mesma qualidade de retinógrafos de mesa, usados dentro de clínicas, porém muito menor e até 6x mais acessível”, arremata. O valor da unidade é de R$ 29.000,00.
Portanto, o rali vem reforçando essa característica histórica de interação com o público. Neste caso, o objetivo é que o esporte seja apenas uma porta aberta para que a tecnologia possa beneficiar mais pessoas Brasil afora, e que barreiras como o isolamento geográfico e a falta de hospitais não coloquem em risco a saúde dos olhos da população.
Letícia Datena é jornalista de esportes há oito anos, e atua no setor do automobilismo desde 2016. Já foi correspondente internacional dos canais Fox Sports e cobriu alguns dos campeonatos mais importantes do mundo, como o Rally Dakar, Rally dos Sertões, o WRC (World Rally Championship), Fórmula E e hoje é uma das responsáveis pelo departamento de criação de conteúdo da Stock Car.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.