É preciso ter no currículo lances de ousadia para introduzir em um mercado conservador uma marca esportiva, sendo você uma popular. Mas é o que a Fiat está fazendo com a Abarth, que começa a ocupar espaço em algumas concessionárias da fabricante italiana com um Pulse de R$ 149.990 (R$ 154.731 no Estado de São Paulo).
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Quem entrar em uma das 60 (das 520 no total) lojas da Fiat selecionadas para operar a Abarth no Brasil encontrará um corner reservado para a marca do escorpião fundada pelo piloto e preparador de motores Carlo Abarth, em 1949. Seu escudo na fachada principal e no totem externo identificarão os pontos de venda. As demais também poderão comercializar o veículo – só não o terão ali para demonstração.
“Talvez, no lançamento do segundo modelo, inauguremos uma concessionária própria da Abarth. Já estamos estudando um local em São Paulo”, revelou à Forbes Motors Hugo Domingues, gerente de Marketing da Fiat.
Por segundo lançamento entenda-se 500e, compacto elétrico que será revelado no próximo dia 22.
O lançamento da Abarth ocorre no momento que a Fiat julga ser o melhor dela no mercado nacional, tendo saltado de 13,2% de market share em 2018 para 21,9% neste ano. Parte do avanço é creditado pelos executivos da empresa a um avanço na qualidade dos produtos.
“Ainda vai levar um tempo pra mudar percepção de valor da Fiat. Mas aos poucos ela vai deixando de ser exclusivamente popular, e nosso portfólio mostra que ela está preparada para isso. A chegada da Abarth é um impulso nesse movimento”, avalia Herlander Zola, vice-presidente sênior da Fiat e da Abarth na América do Sul.
Primeiro SUV da Abarth, o Pulse com o logotipo do escorpião na grade frontal e o nome da marca de esportivos na tampa do porta-malas foi desenvolvido e é produzido no Polo Automotivo da Stellantis em Betim, Minas Gerais, onde a Fiat se instalou há 46 anos.
É equipado com motor 1.3 turbo, de 185 cv e 27,5 kgfm de torque, acoplado a um câmbio automático de seis marchas. Trata-se do mesmo conjunto encontrado em outros modelos do grupo Stellantis, como os Fiat Toro e Fastback e os Jeep Commander, Compass e Renegade. Porém, reconfigurado para entregar mais performance.
Outros ajustes em relação ao Pulse convencional são a suspensão rebaixada em 1 cm com molas e amortecedores 13% mais rígidos, a barra estabilizadora com maior diâmetro, os pneus mais largos (215/50 R17), o escapamento com ponteira dupla e ronco esportivo e a direção elétrica com relação mais direta.
No fundo, currículo de lances de ousadia a Fiat tem. Aos 77 anos, já tendo atravessado duas guerras mundiais, enfrentado greves e terrorismo e desnudado dramas familiares, a Fabbrica Italiana Automobili Torino inaugurou sua planta em Betim, Minas Gerais, em 9 de julho de 1976.
Na primeira cartada por aqui já entregava que pioneirismo seria a credencial para se apresentar aos brasileiros. Baseado no 127, grande sucesso na Europa, mas bastante moldado às realidades, necessidades e frescuras nacionais, o 147 desmontou o conceito de carro urbano – espaçoso, foi o primeiro nacional a carregar um motor montado na transversal.
Dois anos depois, revelou no Salão do Automóvel o 147 Pickup, pioneiro do segmento de picapes compactas – dominado hoje pela “neta” Strada, a primeira do tipo a ter quatro portas, outro pioneirismo da marca.