Convencional ou com silhueta de cupê; com motor a combustão ou elétrico; compacto, médio ou grande – SUVs de todos os tipos dominam o showroom nas concessionárias da Audi, que nem de longe se parecem com as lojas do início do século, recheadas de sedãs (A8, A6, A4) e, sobretudo, de A3.
No entanto, houve um tempo em que o hatch era um dos atores principais no portfólio da marca alemã. Em 1999, três anos após estrear mundialmente e também por aqui (no Salão do Automóvel de 1996), a primeira geração do A3 começou a ser produzida em uma planta dedicada ao modelo, em São José dos Pinhais (PR). Em 2006, um ano após assumir o controle total da operação brasileira, a Audi decidiu interromper a produção local.
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Ao longo da segunda geração, o A3 foi importado. Quando o governo Dilma Rousseff instituiu o Inovar-Auto (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, em vigor de 2013 a 2017), a Audi decidiu então produzir novamente o A3 no Brasil – o que ocorreu em sua terceira geração, entre o fim de 2015 até o fim de 2020.
Fiel à mesma fórmula há 26 anos, o A3 não foi de rupturas. Através das quatro gerações, evoluiu consistentemente o aproveitamento de espaço interno, a atmosfera luxuosa, a dirigibilidade refinada e a versatilidade – os fundamentos que constituem o conceito de hatchback premium.
Há cerca de um ano, a quarta geração – importada de Ingolstadt (Alemanha), sede global da Audi – estreou no mercado brasileiro. Forbes Motors experimentou a versão Sportback S Line e explica o que encanta (e o que poderia ser melhor) no modelo de R$ 266.990.
Dirigibilidade
Conduzir o A3 é um prazer que começa na ergonomia, abençoada por um volante com amplos ajustes de profundidade e altura, um descanso do pé esquerdo avançado e generoso e um volante que encaixa bem as mãos.
O novo manche para seleção de marchas não é tão intuitivo quanto a boa e velha alavanca, mas é ofuscado pelo brilhante funcionamento do câmbio automatizado de dupla embreagem e sete marchas, bem sintonizado com o motor 2.0 turbo de 204 cv e 30,6 kgfm de torque. Esperar ou desejar mais desempenho do A3 é luxúria, não necessidade. O rodar do A3 é sólido, confortável e prazeroso e somente motoristas exigentes podem sentir falta de uma direção mais arisca.
Espaço interno
No Brasil, historicamente, hatches médios são carros para jovens bem-sucedidos, sem filhos. Já na Europa, carros como o A3 se enquadram na classe “family hatchback”, pois tanto o porta-malas de 380 litros quanto o entre-eixos de 2,64 metros comportam uma pequena família.
Única advertência é o túnel central elevado, que incomoda o terceiro membro do banco traseiro. Na frente, motorista e passageiro (mesmo os mais altos) desfrutam de amplitude para pernas e ombros.
Lista de equipamentos
A cabine do A3 – e dos demais Audis atuais – ensina como sofisticar um ambiente com criatividade, lógica e ineditismo, sem penduricalhos datados e fúteis. Os comandos estão à mão, os porta-objetos estão onde deveriam e o botão do volume mais à direita no console central é uma gentileza e tanto com o passageiro. O visual do painel digital de 12,3 polegadas já não é mais tão novo, mas de tão bem resolvido continua a atrair o olhar do motorista.
Quanto à lista de equipamentos, alguns podem sentir falta de recursos como frenagem autônoma de emergência e alerta de saída de faixa, mas, para quem gosta de dirigir, tais ausências são um alívio. No mais, o pacote é recheado: seis airbags, teto solar, ar-condicionado de duas zonas, assistente de estacionamento, câmera de ré, sistema keyless e start/stop, saídas USB-C e rodas aro 18 com desenho exclusivo amparam todas as necessidades do proprietário.
Status
Talvez o maior trunfo do A3 seja a mensagem transmitida, sugerindo que seu proprietário resistiu à obviedade dos utilitários esportivos. Optar por hatches ou sedãs num mercado dominado por SUVs demonstra personalidade.
Exclusividade
Se na terceira geração o A3 se tornou figura comum no trânsito, a quarta é visão rara: dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram que, entre janeiro e outubro de 2022, foram comercializadas 1.141 unidades do Q3, cujos preços nas versões de entrada emparelham com os do A3 – que no mesmo período registrou apenas 154 exemplares.