O sul dos Estados Unidos é conhecido por ser o epicentro da música americana, e também por locais que marcaram a história do país. Mas há um roteiro ainda pouco explorado pelos brasileiros: a rota do bourbon.
Assim como o Nappa Valley, na Califórnia, atrai os amantes de vinho, os estados de Tennessee e Kentucky formam um circuito para os apaixonados pelo Bourbon – e o Tennessee Whiskey (entenda abaixo a diferença). Há inúmeras destilarias abertas à visitação.
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No roteiro, o visitante aprende como é produzida a bebida. Mas não é só: há degustação de bourbon, exposições que contam a história das destilarias e até experiências gastronômicas.
Como todas as principais rotas nos Estados Unidos, a do bourbon é ideal para fazer de carro. O país é conhecido pela qualidade de suas rodovias e, diferentemente da Europa, o transporte de passageiros em trens não tem protagonismo na maioria das regiões.
Além disso, alugar um carro nos EUA é um processo simples e com preços a partir de US$ 300 para dez dias. O ideal é reservar o veículo online e retirar e devolver no aeroporto, ou nas muitas agências espalhadas pelas cidades – algumas têm escritórios em hotéis.
Não só as estradas são chamariz ideal para uma boa road trip americana. Com poucas exceções, as cidades dos EUA têm planejamento pensado em automóveis, com ruas largas e muita oferta de vagas de estacionamento.
Na maioria dos locais, o estacionamento é gratuito, e com vagas grandes, para veículos de vários tamanhos. É o caso de todas as destilarias visitadas pela reportagem.
Porém, além de conhecer o processo de fabricação do bourbon e da possibilidade de comprar produtos, as destilarias oferecem também degustação da bebida. Por isso, é importante ter sempre o motorista da rodada no grupo – aquele que ficará responsável pelo volante e não consumirá álcool.
As rotas
De Nashville até a destilaria Jack Daniels são cerca de 120 quilômetros, em grande parte percorridos pelas rodovias de trânsito rápido I24 e US-231, com velocidades de até 125 km/h. O trecho final, de cerca de 20 km, é pela TN-82, estrada de pista simples.
É nessa parte, pela zona rural do Tennessee, que a viagem fica mais bonita. No cenário, plantações de milho e belas casas de campo à beira da estrada. Já a viagem de Nashville a Louisville, principal cidade do Kentucky e uma das sugestões de sede para a rota, é de 280 km, percorridos em pouco mais de duas horas e meia.
O roteiro é todo pela rodovia de trânsito rápido I65. Nessas vias interestaduais, em média a cada 30 km há saída com postos de reabastecimento – não há frentista; o processo é feito pelo motorista –, restaurantes e hotéis.
Já as estradas que interligam Bardstown, epicentro da Rota do bourbon, às destilarias, são todas de pistas simples e com entorno belíssimo. Casas rurais, plantações de milho e florestas rodeiam o percurso, que tem seu trecho mais bonito na aproximação à Maker’s Mark (leia mais abaixo). Não há cobrança de pedágio em nenhum trecho do circuito.
Bourbon x Tennessee Whiskey
O bourbon é uma bebida norte-americana da mesma família do whisky, originalmente escocês. Tem mais de 40% de teor alcoólico e é produzido a partir do milho. As estradas da rota são dominadas por plantações do grão.
Noventa e cinco por centro das destilarias de bourbon dos Estados Unidos estão em Kentucky, onde a bebida foi criada, no século 18. Nesse Estado, também surgiu o mais famoso frango frito dos EUA, KFC (Kentucky Fried Chicken, ou frango frito do Kentucky).
Atualmente, o estado tem mais de 70 destilarias de bourbon. Dessas, 17 estão abertas à visitação. Ali do lado, no Tennessee, também há diversas destilarias. Porém, a bebida produzida em muitas delas é chamada de Tennessee Whiskey (com essa grafia, diferente usada para o produto de origem escocesa).
E qual é a diferença? O processo de produção. O do Tennessee Whiskey usa carvão. O do bourbon, não.
Tennessee
A reportagem começou a rota do bourbon em Nashville, no Tennessee. Epicentro da country music, é um local que vale a pena conhecer. Repleta de bares especializados nesse gênero musical em sua rua central, a Broadway, a próspera capital do Estado também se destaca pela preservação histórica.
Em Nashville, a melhor opção de hospedagem para quem quer explorar a cidade é o centro. Entre os destaques estão o Hilton (Avenida 4th, 121; US$ 329 por dia), bem ao lado da Broadway, e o hotel de design Dream (Avenida 4th, 210; US$ 375 a diária).
O centro da cidade tem ainda o sofisticado Four Seasons (Rua Demonbreun, 100; US$ 475) e o descolado 1 Hotel (Rua Demonbreun, 100; US$ 370). Os preços foram apurados para o mês de julho e não incluem impostos. Estacionamento é pago à parte nesses hotéis – os gratuitos estão apenas em propriedades afastadas do centro.
Visitar a mais famosa destilaria dos EUA, a Jack Daniels (Lynchburg Highway, 133), é um dos passeios de destaque para quem visita Nashville. Na Jack Daniels, fabricante de Tennessee Whiskey, há três opções de ingresso. O tour custa US$ 20 e mostra as instalações da fábrica e todo o processo de produção da bebida.
O ingresso de US$ 30 dá direito a degustação de produtos da Jack Daniels. Por US$ 5 extras, o visitante pode experimentar também os whiskeys topo de linha da marca. Outra atração é o museu, que conta a história da fabricante por meio de objetos, documentos e até carros.
Qual a melhor base da rota do bourbon?
A rota do bourbon está nas imediações de grandes cidades, como Louisville (280 km percorridos a partir de Nashville) e Lexington (340 km). Para quem quer viver uma experiência de cidade grande, ambas podem ser boas bases.
Em Louisville, há opções de acomodação interessantes no centro, como o moderno Omni (Rua 2nd, 400; US$ 250 a diária) ou o hotel de design histórico 21c Museum (Rua Main, 700; US$ 230 por dia). No Omni, vale visitar o sofisticado bar Library, que oferece variedade de drinks à base de bourbon.
A cidade de Louisville, a maior do Kentucky, tem uma famosa destilaria, a Evan Williams (Rua Main, 528). Além do tour tradicional para conhecer o processo de produção da bebida e de experiências de degustação, o local tem um bar subterrâneo, o ON3, que é da época da Lei Seca. Os tours na Evan Williams partem de US$ 18, já com degustação de bebidas incluída.
A principal atração turística de Louisville é o Muhammad Ali Center (Rua N 6th, 144). O museu é dedicado ao astro do boxe, que nasceu na capital na cidade. Os ingressos custam US$ 18.
No entanto, Louisville pode representar uma viagem longa até algumas destilarias, pois há muitas estradas secundárias, de pista simples (e belíssimas) no trajeto. O mesmo ocorre com Lexington.
Experiência imersiva
Por isso, se a intenção é fazer apenas uma base – e também viver uma experiência mais imersiva na rota do Bourbon –, a melhor opção é ficar nas pequenas cidades do roteiro. O destaque é Bardstown, cujo centro tem jeito de Velho Oeste.
Bardstown se autodenomina a capital mundial do bourbon. Tem bares que nos remetem a filmes de faroeste, com música ao vivo durante as noites, e bons restaurantes típicos, a exemplo do Mammy’s Kitchen & Bar (Avenida Stephen Foster, 116), especializado em gastronomia norte-americana.
O Mammy’s é um dos principais pontos de parada para almoço na Rota do bourbon, atraindo inclusive quem não está hospedado em Bardstown.
Há algumas opções de hotéis de grandes redes próximas ao centro. Porém, em frente ao Mammy’s, está a hospedagem mais charmosa da cidade. Trata-se do bed & breakfast Jailer’s Inn, que funciona no prédio de uma antiga prisão, construído em 1819.
O Jailer’s (Avenida Stephen Foster, 111) tem quartos aconchegantes e bem decorados, e mantém as características do edifício original. É uma atração turística da cidade, e tours para não hóspedes são permitidos. As diárias partem de US$ 190.
Destilarias
Bardstown tem também a sua destilaria, aberta à visitação. Trata-se da Bardstown Bourbon Company (Parkway Drive, 1.500), que oferece diversas experiências a partir de US$ 25. No local há um restaurante, o Kitchen & Bar, com opção de menus harmonizados com bourbon.
Outra destilaria com opção de jantar harmonizado é Jim Beam (Rodovia Happy Hollow, 568), uma das mais famosas do roteiro. Lá, é recomendável agendar as experiências (www.beamdistilling.com), pois há número limitado de participantes por grupo.
A Jim Beam é uma das que oferecem a opção de apenas fazer a degustação, sem o tour pela fábrica. Nesse caso, o preço é de US$ 12. Para acrescentar o tour para entender a processo de produção, o ingresso sobe para US$ 22.
A experiência que inclui harmonização de bourbon com criações culinárias custa US$ 50 e é realizada não no prédio principal, mas no restaurante da destilaria, o Kitchen.
Por lá, o visitante também pode desfrutar almoço com pratos a la carte. Não há, porém, opção de jantar, pois o restaurante fecha às 17h, junto com a destilaria.
A Jim Beam fica em Clermont, a 30 minutos de Louisville e 40 min de Bardstown (que é mais próxima em quilômetros, mas tem percurso exclusivo por estrada de pista simples, que atrasa a viagem). Sua via de acesso, a Happy Hollow, concentra algumas outras destilarias do roteiro.
Maker´s Mark
Já a Maker’s Mark (Rodovia Burks Spring, 3.350) produz um dos bourbons mais exclusivos do mundo e tem um tour mais intimista. Há apenas uma opção, por US$ 20. Inclui passeio guiado pela propriedade e degustação de todos os cinco bourbons produzidos pela casa.
O agendamento (www.makersmark.com) é obrigatório, pois os grupos são pequenos e as vagas, limitadas. Vale reservar com bastante antecedência. Apesar de não ter opções variadas de experiência, como nas demais destilarias visitadas, a Maker’s Mark é a que ofereceu o tour mais elucidativo.
Além disso, o cenário de suas instalações é belíssimo. E a estrada que dá acesso à destilaria, em Loretto, é muito bonita, rodeada por casas de campo típicas dessa região dos Estados Unidos.
A Maker’s Mark fica a apenas 30 minutos de Bardstown. Já para chegar à destilaria a partir de Louisville, o visitante leva cerca de uma hora e meia.
Os tours são permitidos a pessoas de qualquer idade. Na Jack Daniels, inclusive, havia crianças no grupo. A degustação, no entanto, é só para maiores de 21 anos.
Quanto ao tempo de visita, depende das expectativas. Para ver apenas as destilarias mais importantes, três dias são suficientes. Já para fazer o roteiro completo, será necessária pelo menos uma semana.
No entanto, conhecer o processo em todas é um tanto repetitivo, pois eles são bem parecidos. Vale escolher no máximo três preferidas para fazer o tour completo, e ir às demais para conhecer as instalações, fazer degustação ou simplesmente comprar a bebida – que tem preços mais interessantes em suas fábricas que em outros locais.
Como chegar?
Não há voos diretos do Brasil para Louisville ou Nashville. Porém, todas as companhias americanas que atuam no País, além da panamenha Copa Airlines, oferecem opções para a cidade com um ou duas conexões.
Os preços iniciais estão em torno de R$ 6 mil para ambas as cidades, no mês de julho, auge do verão nos EUA. Em outubro, já no outono norte-americano e dos períodos mais populares de visitação – e com temperaturas mais amenas -, o valor médio cai para cerca de R$ 5 mil.
Em classe executiva, as tarifas para julho estão em torno de R$ 23 mil. Em agosto, o valor inicial começa em R$ 15 mil.