Nos anos 1910 e 1920, uma época em que direitos ainda demandavam luta intensa para serem conquistados, André Citroën, fundador da marca, teve ideais feministas à frente de seu tempo.
Em 1915, Citroën foi o primeiro empregador na França a pagar o décimo terceiro salário, além de incluir a mão-de-obra feminina em uma indústria majoritariamente masculina. Montou ainda serviços sociais inéditos, como cantinas e creches para as colaboradoras que tinham filhos, e destinou uma espécie de bônus para as que estavam no período pós-parto.
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As mulheres eram maioria no seu quadro de funcionários, já que muitos homens estavam nas trincheiras por conta da Primeira Guerra Mundial. Nos últimos meses do conflito, a fábrica empregava mais de 12 mil pessoas, e era comum Citroën receber visitantes estrangeiros na planta. Muitos contatos estratégicos foram firmados e o executivo não só optou que esses intercâmbios permanecessem após a restauração da paz como criou um grupo de melhorias nas condições de trabalho, denominado Círculo Sindical Interaliado, com a seguinte condição: que as mulheres fossem admitidas nele.
Já em 1922, André Citroën apresentou, no Salão do Automóvel de Paris, uma de suas criações voltadas para as mulheres: o Citroën 5CV, também conhecido como “Petit Citron”. Naquelas primeiras décadas do século XX, os carros eram projetados quase que exclusivamente para os homens, sem se preocupar com os desejos de outros públicos – numa época em que as mulheres não tinham os mesmos direitos que os homens, e poucas possuíam carteira de motorista.
Pensando nas mulheres e em uma geração mais jovem que nunca teve a possibilidade de ter o seu próprio carro, o fundador da marca criou um modelo acessível e que fugisse do comum. O resultado foi o primeiro carro popular produzido em grande escala na Europa, lançado em cores vivas e alegres. Leve e ágil, o 5CV tinha manutenção e uso do dia a dia simples. Seus pneus redesenhados tornavam a condução mais suave e o pedal do freio tinha acionamento progressivo e leve.
Hoje a Citroën faz parte do grupo Stellantis, que determinou que mais de 35% de seus cargos de liderança deverão ser ocupados por mulheres até 2030. A empresa também criou o Women of Stellantis, primeiro grupo de afinidade global da empresa e que, na região, é liderado por Vanessa Castanho, Vice-Presidente da Citroën para a América do Sul e primeira mulher a dirigir a marca no continente.