O conceito da economia da experiência, apresentado em artigo acadêmico pelos pesquisadores de Harvard Joseph Pine e James Gilmore, em 1998, ainda é pouco conhecido. De maneira simplista, a abordagem propõe que o preço menos importa se o consumidor absorver uma experiência excepcional. O iate Ferretti Yachts 720 é um exemplo dessa teoria. Afinal, sua principal razão de existir é proporcionar ocasiões memoráveis.
O modelo do estaleiro italiano – apresentado no Cannes Yachting Festival, em 2019 – já navega em águas brasileiras. É o primeiro da América Latina a ficar pronto e, a boa notícia, foi construído no Brasil, em Itajaí (SC), pelo Grupo Okean, único licenciado no mundo para fabricar os iates da marca. Duas outras unidades da embarcação já se encontram em produção nas instalações catarinenses da empresa.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida.
O Ferretti de 72 pés tem 22,3 metros de comprimento e largura máxima de 5,6 metros. Ao todo, a embarcação soma 200 m² de área útil, distribuídos entre espaços comuns e quatro cabines, duas delas configuradas como suítes: a Vip, na proa, e a Master, no centro.
O acabamento tem capricho de artesão e materiais selecionados. No chão, carpete alto e macio e, nas paredes, forração com um padrão aveludado e almofada do que, além da beleza estética, funciona para suavizar eventuais impactos provocados pelo balanço do mar.
O deck superior, o flybridge, tem 30 m² para abrigar o posto de comando e uma confortável mesa com sofás. A cobertura, de fibra de carbono, é do tipo persiana, com a missão de providenciar abrigo da luz solar, se for o caso. O iate ainda navega sem susto com dois motores MAN de 1.400 hp cada. Em mar liso e velocidade de cruzeiro de 20 nós, ele tem autonomia de 14 a 15 horas.
Leia mais:
- VW é a primeira marca com certificado de clássicos no Brasil
- Voamos no Phenom 300, jato mais vendido do mundo
- O futuro promissor dos carros de luxo
Para entreter e confraternizar, os arquitetos conceberam uma ampla sala integrada à popa, onde também funciona uma espécie de clube de praia, com espaço para espreguiçadeiras e uma plataforma submergível. Ela facilita embarque do pós-mergulho e acesso das motoaquáticas.
Na proa, a área modular pode se transformar em solário ou lounge com mesa e sofá. Luminárias escamoteáveis no assoalho oferecem um clima intimista à noite. Em apoio às conveniências, o iate tem nove geladeiras instaladas estrategicamente pelo convés.
O conjunto, sem dúvida, reúne conforto, sofisticação e capacidades em benefício do bem-viver com amigos e família, em locais aonde muitas vezes só se chega navegando. “A náutica faz integração com a beleza, que gera uma transformação. O tempo a bordo e a proximidade com a natureza fazem com que as pessoas se conheçam melhor, se conectem”, acredita Roberto Paião, CEO do Grupo Okean. “Ter um iate vai além da compra. Não se trata do preço, mas do valor das experiências, de viver a vida onde o tanto faz não faz parte.”
O argumento de Paião é dos mais fortes para convencer o cliente a desembolsar R$ 24 milhões, o preço básico do Ferretti 720, cujo prazo de entrega é de seis a oito meses. Sim, é possível encontrar uma ampla cobertura de alto padrão por um preço menor. Mas imóveis não saem do lugar.
“Muita gente tem substituído a compra do apartamento pelo barco, que é uma extensão da própria casa. O comportamento ficou evidente durante a pandemia. O Grupo Okean entrou na crise sanitária com dois barcos vendidos e saímos dela com vinte no ano passado. O segmento náutico cresceu no mundo todo.”
É uma prova de que muitas pessoas concordam que desfrutar a vida não tem preço. O Ferretti Yachts 720 não as deixa mentir.
Amar o mar
O Grupo Okean, estaleiro licenciado da italiana Ferretti no Brasil, é uma empresa nacional criada pelo empresário paulista Nércio Fernandes há menos de uma década. Um projeto inédito de barco, que possibilita ampliar o convés por meio de plataformas basculantes laterais, seduziu o consumidor, em especial dos Estados Unidos, e fomentou o negócio.
As instalações em Itajaí (SC), junto ao rio Itajaí-açu, local estratégico para facilitar entregas técnicas, abrigam a empresa desde fevereiro de 2021, depois que o galpão anterior, no Guarujá (SP), ficou pequeno. Na fábrica de Santa Catarina, a empresa produz sete modelos, dos quais quatro da Ferretti e três da Okean, todos iates entre 50 e 80 pés.
A operação emprega 360 pessoas, mas com planos de chegar a 450 ao ritmo de crescimento das entregas. Pelas expectativas do grupo, serão construídos 30 barcos em 2023, número que deverá saltar para 50, em 2025. “A meta é chegar a 100 unidades por ano”, revela Roberto Paião, CEO do Grupo Okean.
Não faltam motivos para tamanha confiança. O faturamento cresceu 50% no ano passado, para R$ 150 milhões, e a projeção para 2023 é de alcançar R$ 350 milhões.
O otimismo ainda se sustenta em programação de investimentos. Somente para o projeto Ferretti o ciclo é de R$ 100 milhões até 2027. Outros R$ 50 milhões serão aportados em unidades de produção de móveis e fibra de vidro, parte do plano estratégico da empresa de aumentar a nacionalização do iate. “Já estamos prontos para os próximos dez anos”, diz.
Números à parte, o executivo considera que o principal pilar do negócio se resume em “amar o mar”, frase destacada na fachada da fábrica. “Aqui, o ritmo de produção vem do coração.”
(Reportagem publicada na edição especial LifeMotors, acessível no aplicativo na App Store e na Play Store, no site da Forbes e na versão impressa).