Observamos um aumento muito grande no número de cirurgias de transplante capilar na última década. Isto se deve claramente à melhoria na qualidade dos resultados obtidos atualmente em comparação com os resultados do passado quando existia um estigma de cabelo de boneca e de artificialidade nestas cirurgias. Além disso, nós tivemos o desenvolvimento maior da técnica F.U.E. (Follicular Unit Extraction), onde não há cortes na área doadora, evitando uma cicatriz linear, gerando aumento da demanda por este procedimento, principalmente por pacientes jovens e por pessoas que utilizam um estilo de corte de cabelo muito curto.
Outros fatores também contribuem para um aumento na procura deste tipo de cirurgia. Vamos analisar a influência das celebridades ou pessoas públicas que realizam este procedimento e divulgam nas suas redes sociais ou nas mídias.
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Antigamente, nas décadas de 1960, 1970, 1980 e até 1990 era comum os procedimentos estéticos serem feitos em sigilo. Principalmente os homens não gostavam de admitir que estavam se submetendo a procedimentos ou a cirurgias de rejuvenescimento. Porém, atualmente, há uma aceitação maior nesses cuidados pessoais tanto em mulheres como em homens e isso se reflete claramente na atividade profissional de vários grupos.
Nós temos pacientes que nos procuram com a seguinte premissa: “Doutor, eu vou para um cargo de gerência maior ou vou ocupar um cargo mais importante da hierarquia da empresa e um aspecto mais rejuvenescido me traz mais confiança para exercer esta liderança”. Esta afirmação tem sido muito comum.
Com o aumento da aceitação dos homens tendo mais cuidado com a aparência, veio também uma divulgação maior desse tipo de cirurgias feitas por celebridades, cantores, atores e outras pessoas públicas. É notório que muitas vezes eles divulgam em suas redes sociais e mostram que estão tendo um cuidado maior com a aparência como algo positivo, com um fator inclusive profissional. É inegável que estas celebridades exercem um fascínio em boa parte do público e muitos se espelham neles procurando também por este tipo de procedimento. Vejamos alguns exemplos de atores que já fizeram transplante capilar e provavelmente você nem sabia: Mel Gibson, Tom Hanks, Bradley Cooper, Matthew McConaughey e uns cem números de jogadores de futebol, cantores, entre outros.
Um outro fator relacionado a técnica F.U.E., que é mais utilizada atualmente pelos cirurgiões de transplante capilar, é que é necessário raspar a cabeça para realizar o procedimento, com isso há menos discrição no pós-operatório. Com a técnica clássica em que retirávamos uma faixa de couro cabeludo, não era necessário raspar o cabelo, então uma semana de ausência era o suficiente para que os pacientes retornassem às suas atividades de trabalho de forma muito discreta, porém, quando raspamos a cabeça se torna muito mais evidente que o procedimento foi realizado e leva-se às vezes um mês ou mais para que o cabelo volte a crescer e cubra as áreas raspadas.
Com o aumento da demanda, naturalmente ocorre o aumento do número de profissionais oferecendo esse tipo de serviço e isto é bom, mas tem também o seu lado negativo porque a variabilidade técnica começa a aumentar. E os pacientes podem se estimular com o exemplo de pessoas públicas e do meio artístico, mas essa não é a fonte principal para a escolha de um profissional para realizar seu transplante capilar. A forma ideal é pesquisar a formação do médico, a sua experiência na área, as sociedades médicas da especialidade que faz parte, e principalmente referências pessoais, ou seja, conhecer e entrar em contato com pacientes reais operados pelo médico.
Márcio Crisóstomo é cirurgião plástico formado no Instituto Ivo Pitanguy, especialista em Transplante Capilar nos Estados Unidos pelo American Board of Hair Restoration Surgery, com pós-graduação em Surgical Leadership pela Harvard Medical School.
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