Fabrício Simões é diretor executivo da Ubyfol, empresa que industrializa e comercializa produtos voltados à agricultura, especialmente fertilizantes e herbicidas. Ou seja, os itens que a companhia produz e vende servem como um termômetro do agronegócio brasileiro: quando os negócios da Ubyfol vão bem, nossa agricultura (e nossas exportações de produtos agrícolas) está forte. Caso contrário, provavelmente as coisas não vão bem para o agronegócio nacional. Simões falou com minha colega de redação da Forbes Brasil, Beatrice Teizen, sobre como ele enxerga o momento atual e o futuro da economia brasileira. Abaixo, as respostas do executivo:
Beatrice Teizen – Como você avalia o atual momento econômico vivido pelo Brasil? Os negócios da Ubyfol vêm evoluindo de que forma desde o início de 2014?
Fabrício Simões – Estamos enfrentando um momento delicado da economia brasileira, o clima de incerteza mediante um cenário político indefinido tem desacelerado os investimentos e freado o consumo fortemente. O País tem várias oportunidades pela frente, mas para que sejam aproveitadas precisamos que alguns gargalos sejam vencidos, como a melhora da infraestrutura e o escoamento da produção agrícola, para que sejamos cada vez mais eficientes e competitivos. No agronegócio a redução do preço das commodities também tem gerado recuo dos produtores rurais. Neste ano, mesmo passando por momento econômico atípico, a Ubyfol atingiu um crescimento de 20% em seu primeiro semestre, refletindo ainda o bom momento agrícola de final de ciclo. A expectativa é de manter essa taxa de crescimento até o final do ano.
Beatrice – Muitos empresários têm se mostrado contrariados com a economia brasileira neste ano. Em sua visão, eles estão certos ou errados ao pensar assim?
Fabrício – As dificuldades dos empresários brasileiros são as mesmas há décadas. Temos que enfrentar uma alta carga fiscal e leis trabalhistas antiquadas. A indústria tem sofrido forte recuo de investimentos, representando uma parcela cada vez menor do PIB brasileiro. O País precisa urgentemente que as reformas sejam feitas, para que o empresário brasileiro possa respirar melhor. A iniciativa privada sabe como fazer, tem competência para isso. Há que se deixar o empresário brasileiro ter forças para crescer. Acredito que os indicadores do País, incluindo os sociais, irão melhorar com uma política industrial mais clara e definida. Nessa ótica creio que estão corretos.
Beatrice – Quais investimentos a Ubyfol vem realizando neste momento, além da nova fábrica em Uberaba (MG)?
Fabrício – Neste momento nossos investimentos estão concentrados na finalização da nova unidade de fertilizantes especiais em Uberaba, consumindo um investimento total de R$ 50 milhões. Será a maior e a mais moderna fábrica do segmento, e será concluída no primeiro semestre de 2015. Ainda em 2015 iremos iniciar a construção da segunda planta industrial também localizada em Uberaba, próxima das fábricas da Vale e Petrobras. Essa unidade será especializada em produção de fertilizantes sulfatados e cloretos, assim como a fabricação de ativos para defensivos agrícolas, consumindo um investimento total de R$ 150 milhões.
Beatrice – Como você enxerga o futuro da economia brasileira, em 2015 e nos próximos anos? O que você crê ser necessário para que a economia brasileira retome uma trajetória de crescimento em 2015 e daí por diante?
Fabrício – Vejo de uma maneira otimista, apesar de um cenário desfavorável devido ao aumento da taxa de desemprego e da inadimplência e ao acesso ao credito cada vez mais difícil. Precisa encarar e resolver os gargalos, ter políticas econômicas claras, fiscal e cambial, para recuperar a confiança do mercado e para que todos os setores da economia voltem a atingir taxas de crescimento satisfatórias.