A operação Lava Jato, que tem derrubado parlamentares e empresários, atormentou dois presidentes e conquistado a atenção da mídia, estreia como uma série da Netflix nesta semana, muito antes do que qualquer previsão sobre como a investigação terminará na vida real.
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Com “O Mecanismo”, o diretor José Padilha, mais conhecido pela série “Narcos” e pelos filmes “Tropa de Elite”, espera lembrar os espectadores de que a corrupção no Brasil não é culpa de nenhum político ou partido específico. “O Brasil, e até a imprensa estrangeira, ficou preso em uma batalha ideológica que não tem muito a ver com o mundo real”, disse Padilha, durante entrevista por telefone. “Realmente existe um mecanismo que cria a estrutura lógica da política aqui”, disse. “A série está tentando assumir uma posição que não é ideológica.”
“O Mecanismo” começa uma década antes da operação Lava Jato, com policiais federais no sul do Brasil investigando um esquema de lavagem de dinheiro em 2003 e não conseguindo prender o principal suspeito. Por fim, é revelado um esquema de propina entre políticos, construtoras e a Petrobras na vida real, chamada de Petrobrasil na série.
Embora procuradores e juízes tenham conquistado fama internacional por seu combate à impunidade, a série de Padilha tem como foco o menos conhecido trabalho policial. O diretor disse que uma das principais personagens, a agente policial Verena Cardoni, é baseada na agente Erika Marena, cujo trabalho levou à primeira prisão de um executivo da Petrobras.
Ela disse à Reuters em 2015 que a Lava Jato seria a maior investigação de lavagem de dinheiro do Brasil com consequências globais, o que se mostrou verdade.
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“O Mecanismo”, que estreia na sexta-feira (23), foi escrito pela roteirista Elena Soárez e baseado em um livro do jornalista Vladimir Netto.
Perguntado quantas temporadas estão planejadas para a série, Padilha disse: “Minha intenção é acabar isso quando a corrupção acabar, então vai durar bastante tempo, se depender de mim”.