O grupo 3corações, líder brasileiro no segmento de café torrado e moído, buscará ampliar suas vendas de cafés especiais com novos produtos, em um segmento de maior valor agregado cujo consumo tem crescido mais do que o mercado em geral.
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O lançamento, que deve ser em maio, permitirá que a companhia venda cafés especiais em outras regiões do Brasil, além do Nordeste, onde já os comercializa, disse hoje (24) o diretor comercial e de marketing da empresa, Paulo Lima, durante evento em São Paulo.
No Nordeste, a empresa atua nessa linha de cafés especiais desde o ano passado, com a marca Santa Clara. “É um negócio que não tem volta. Estamos atendendo aos anseios dos consumidores”, declarou Lima, lembrando que os cafés especiais geram maior rentabilidade e têm atraído cada vez mais pessoas.
De acordo com o executivo, que pertence à família dos fundadores da empresa com origem no Rio Grande do Norte, nos anos 1950, o grupo já está vendendo mais de 15 toneladas ao mês de cafés especiais com a marca Santa Clara.
Ele destacou o bom desempenho das vendas, sem fornecer comparações, ressaltando que a performance ocorre com o produto especial e mais caro apesar de a linha de maior valor agregado ser vendida em uma região de menor poder aquisitivo na comparação com outras do país.
As declarações foram feitas durante evento em que a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) destacou os compradores de cafés especiais do 14º Concurso Nacional dos Melhores Cafés do Brasil, realizado pela entidade, no qual a 3corações dominou os negócios.
A 3corações, uma joint venture entre a brasileira São Miguel Holding e a holandesa Strauss Coffee, pertencente ao grupo israelense Strauss, foi considerada a campeã do concurso da Abic, arrematando um lote de seis sacas de um produtor de Piatã (BA) por R$ 2.500 cada.
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Além disso, o grupo arrematou outras duas sacas, por R$ 9 mil cada, da produtora Letícia Conceição Quintela de Alcântara, também de Piatã. Foi o maior lance dado por um microlote de café no certame.
A 3corações, com mais de 20% de participação no mercado brasileiro de café torrado e moído, não deu mais detalhes sobre o lançamento dos produtos especiais para outras regiões brasileiras. A assessoria de imprensa da companhia informou apenas que o lançamento será em maio.
CAFÉ PREMIADO
A produção de um café campeão, como o da produtora baiana de Piatã, passa por detalhes como a colheita manual, realizado em geral por apanhadeiras, que são “mais delicadas” do que homens na coleta selecionada dos grãos maduros, contou Letícia, que também foi celebrada no evento da Abic hoje.
A produtora, de 19 anos e que está no primeiro ano da faculdade de Engenharia de Produção, revelou que está apenas no início de seu negócio, seguindo os passos do pai, que foi pioneiro na produção de cafés especiais na região de Piatã.
A fazenda Divida Espírito Santo, de Letícia, está em altitude de mais de 1.300 metros, uma condição fundamental para a produção de grãos especiais, situada perto do Parque Nacional da Chapada da Diamantina.
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Nos 10 hectares irrigados da fazenda, ela produz apenas 400 sacas de 60 kg por ano. Mas não pensa em grandes expansões, justamente porque produzir um café especial exige cuidados que passam pelos mínimos detalhes, da colheita até a secagem.
“Não penso em expandir muito para manter a qualidade”, declarou ela, que acredita que a faculdade vai dar subsídios para melhorar o negócio.
O microlote de Letícia que ganhou o concurso da Abic foi vendido a um preço que supera em mais de 20 vezes o valor de mercado de um café fino.