Os principais acionistas da BRF apoiaram hoje (19) a indicação de Pedro Parente, presidente da Petrobras, para chefiar o conselho de administração da exportadora de carne de frango.
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A indicação de Pedro Parente para BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, foi feita pelo empresário Abilio Diniz, atual presidente do conselho, que tem sofrido críticas nos últimos meses pela crise vivida pela companhia de alimentos. A BRF encerrou 2017 com prejuízo líquido de R$ 1 bilhão, enfrenta quadro de endividamento elevado e foi citada na operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
A indicação de Parente, que também comanda o conselho de administração da operadora de bolsa B3, impulsionou as ações da BRF hoje, que fecharam em alta de 9,5%. Os papéis acumulam queda de cerca de 50% desde o início de 2017.
Parente afirmou em comunicado que renunciará à presidência do conselho da B3 se for eleito em assembleia de acionistas da BRF marcada para 26 de abril e que “não haverá qualquer mudança no exercício de sua função de presidente” da Petrobras.
Os principais acionistas da BRF, os fundos de pensão Petros e Previ e Tarpon Investimentos, este aliado de Diniz, enviaram comunicados à imprensa ressaltando qualidades de Parente para recuperar a produtora de alimentos processados.
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A Petros, maior acionista individual da BRF com 11,4% de participação, disse que “acredita que o executivo [Pedro Parente] reúne competências e experiências que, indiscutivelmente, contribuirão para viabilizar a recuperação da companhia”. Já a Previ, que tem 10,7% do capital, afirmou que acredita que Parente “reúne as competências necessárias para imprimir novos rumos e viabilizar a recuperação da BRF e seu valor de mercado”.
Antes de comandar a Petrobras, nomeado pelo presidente Michel Temer, Parente foi presidente-executivo da unidade brasileira da operadora norte-americana de commodities Bunge, entre 2010 e 2014.
A BRF é presidida desde o fim do ano passado pelo executivo José Aurélio Drummond Jr., que substituiu Pedro Faria, uma indicação de Diniz e que era criticado por acionistas e chegou a ser preso pela PF na segunda etapa da operação Carne Fraca.
No início desta semana, três fontes com conhecimento direto do assunto afirmaram à Reuters que o primeiro escalão da BRF deve ser mantido no cargo dado o entendimento de grandes acionistas de que as mudanças mais necessárias na empresa são de estratégia.
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Diniz afirmou em comunicado de seu veículo de investimentos, Península Participações, que a indicação de Parente veio em meio à “busca de um nome de consenso entre os principais acionistas da BRF”.
PAZ ADIANTE?
O aparente consenso entre os maiores acionistas da empresa pode aliviar o receio de investidores de um racha na nova composição do conselho de administração.
Até agora, tentativas de se formar uma chapa unificada de nomes fracassaram, o que motivou a gestora Aberdeen a sugerir a adoção do voto múltiplo, sistema que dá aos investidores poder de voto proporcional ao número de assentos no conselho.
Em nota a clientes, o analista Antonio Barreto, do Itaú BBA, afirmou que a indicação de Parente é positiva pois envia uma mensagem de uma “normalização mais rápida e uma solução mais pacífica para o conflito entre os principais acionistas em torno de um nome consensual”.
O analista citou ainda que a indicação de Parente “aumenta a probabilidade de que a atual gestão da BRF vai permanecer. Um conselho mais unido apoiando a gestão é fundamental em um momento de crise”.
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Barreto citou que tem como cenário uma provável decisão da União Europeia no sentido de proibir importações das 12 fábricas da BRF no Brasil autorizadas atualmente a exportar para o bloco de países, apesar da liberação de fábricas da empresa pelo Ministério da Agricultura ocorrida mais cedo.
“Qualquer solução que aumente a chance de não vermos uma nova mudança de gestão na companhia agora é positiva uma vez que gostamos da direção estratégica tomada”, acrescentou o analista do Itaú BBA.