Os principais acionistas da BRF disseram hoje (27) que darão autonomia ao novo conselho para iniciar a recuperação da empresa, que sofre após dois anos de prejuízos em parte causados pelo escândalo da Carne Fraca e má administração dos estoques de ração.
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Os fundos de pensão Previ e Petros, que possuem 22% da BRF, também disseram que a conclusão da mudança do conselho esta semana encerrou uma longa batalha no colegiado conduzida por acionistas com opiniões divergentes sobre como resgatar a companhia de seus problemas gerados internamente.
A Previ e a Petros reafirmaram que são investidores de longo prazo e planejam dar ao novo conselho da BRF independência para identificar problemas e propor soluções. “Não cabe a nós elaborar uma nova estratégia para a empresa”, disse Walter Mendes, diretor da Petros, a jornalistas nesta sexta-feira, um dia depois de os investidores elegerem 10 membros do conselho para novos mandatos de dois anos. “Não seremos intrusivos”, disse Gueitiro Genso, chefe da Previ, na mesma teleconferência.
A maioria dos acionistas da BRF escolheu ontem (26) Pedro Parente, presidente-executivo da Petrobras, como presidente do conselho, confiando em seu histórico de liderança em meio a crises para ajudar a transformar a empresa.
Uma das prioridades do novo conselho é encontrar um novo presidente-executivo para a BRF, depois que José Aurélio Drummond Jr renunciou na segunda-feira passada (23), sucumbindo à pressão decorrente da divisão no conselho. “Este novo conselho terá unidade para realizar um plano de recuperação”, disse Mendes, acrescentando que “a dissidência entre os acionistas está no passado”.
O ex-presidente do conselho Abilio Diniz, que disse ter sugerido o nome de Parente aos fundos de pensão, isentou os membros que estão deixando o conselho e a atual administração de culpa pelos problemas da empresa.
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Apesar de admitir que a operação Carne Fraca da Polícia Federal “teve um efeito devastador”, ele acrescentou que a BRF poderia sobreviver mesmo depois que a União Europeia proibiu as exportações, principalmente de frango, de 12 de suas unidades.
“Solicitamos a dissolução do conselho anterior devido aos maus resultados da empresa”, disse Mendes. Mas Diniz discordou: “As dificuldades enfrentadas pela empresa teriam ocorrido com qualquer conselho e com qualquer administração”, disse o empresário, que ainda possui 4% da BRF.
Durante o período de cinco anos de Diniz como presidente do conselho, as ações da BRF perderam cerca de 40% de seu valor.