A Cielo deve anunciar nos próximos dias parcerias semelhantes às que fez com o Bradesco em terminais co-branded para tentar reverter a contínua queda na base de clientes, sinalizou hoje (3) o presidente-executivo da empresa de meios de pagamentos Eduardo Gouveia. “Devemos ter parcerias similares com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e redes de varejo”, disse aos jornalistas.
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Maior empresa de meios eletrônicos de pagamentos do país, a Cielo anunciou ontem (2) uma queda de 7% no lucro recorrente do primeiro trimestre, na comparação anual, refletindo entre outros fatores a redução de 13,6% do número de terminais de pagamentos ativos da empresa.
A última linha do resultado também refletiu menores receitas com antecipação de recebíveis, na esteira dos efeitos da queda da Selic, hoje na mínima histórica de 6,5% ao ano.
A venda de terminais com bandeiras dos próprios bancos sócios é uma das respostas da Cielo para tentar reagir a um número crescente de rivais, que têm explorado sobretudo os lojistas menores, com taxas de desconto mais baixas por operação e no aluguel dos dispositivos de pagamentos.
Uma das principais rivais é a PagSeguro, do grupo UOL, que estreou na bolsa de Nova York em janeiro com valor de mercado de cerca de US$ 9 bilhões, ou quase 40% da Cielo. Outras rivais incluem Stone, iZettle e Bin, da First Data, que se oferecem como opção a credenciadoras tradicionais.
Em janeiro, a Cielo também assumiu o controle da Stelo, que surgiu em 2014 como concorrente das chamadas subadquirentes, facilitadoras de meios de pagamentos no comércio eletrônico, como PagSeguro e PayPal. A partir do segundo trimestre, a Cielo passará a divulgar números de terminais da Stelo em operação.
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A exemplo do que fazem as rivais menores, a Stelo vende os terminais de pagamentos, em vez de cobrar um aluguel dos comerciantes.
Mas mesmo com os próprios equipamentos, a Cielo passou a oferecer uma conjunto diferente, passando a cobrar mensalidade, em substituição a um conjunto de aluguel mais cobrança por transação. O pacote inclui repassar ao lojista os recursos das vendas em D+2, em vez dos tradicionais D+30.
Para Gouveia, entre clientes maiores, como as grandes redes varejistas, o mercado de adquirência segue racional, sem uma competição tão agressiva entre as empresas de pagamento. “O mercado está mais competitivo na base”, disse Gouveia.
O executivo evitou dizer para quando espera que as iniciativas em curso façam a Cielo reverter o processo de redução da base de terminais da companhia, que caiu em 25% nos últimos dois anos.
Nesse período, enquanto tem tentado achar um equilíbrio entre manter uma operação rentável e segurar fatias de mercado, a Cielo tem enfrentado o ceticismo de investidores e analistas. A margem Ebitda da empresa, que chegou a ser de 68% alguns anos atrás, foi de 44,6% no primeiro trimestre.
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Com isso, no espaço de 24 meses concluído ontem, a ação da empresa teve queda de 27,2%, enquanto o Ibovespa teve valorização de 58%.
Em relatório, os analistas Domingos Falavina, Yuri Fernandes e Guilherme Grespan afirmaram que o resultado da Cielo do primeiro trimestre “ainda nos mostram um mercado de competitividade desafiadora”.
Às 12h26, a ação da Cielo tinha queda de 6%, segunda maior baixa do Ibovespa, que recuava 1,4%.
O mercado antes caracterizado por um duopólio da Cielo, dos sócios Bradesco e Banco do Brasil, e Rede, do Itaú Unibanco, pode ter a entrada de cerca de 30 novos concorrentes, afirmou o JPMorgan em abril, quando cortou a recomendação da Cielo.