O presidente-executivo do Itaú Unibanco, Candido Bracher, disse hoje (2) que o banco poderia emprestar mais recursos para grandes conglomerados do país que foram alvos da operação Lava Jato e que assinarem acordos de leniência com autoridades governamentais.
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Sem citar nomes específicos, Bracher afirmou, em teleconferência com analistas e jornalistas, que o Itaú Unibanco pode conceder novos recursos para as empresas investigadas se tiver expectativa de que vai receber o que já emprestou.
O Itaú Unibanco é um dos credores da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), que na semana passada perdeu o prazo para pagar uma dívida de cerca de R$ 500 milhões.
A empreiteira faz parte da holding Odebrecht, que firmou acordo de leniência com o Ministério Público no ano passado, na esteira da Lava Jato. O grupo negocia com outros órgãos de controle para fazer acordos semelhantes.
A deterioração na carteira de grandes empresas foi o fator que impediu uma queda mais acentuada do nível de calotes no Itaú Unibanco no primeiro trimestre. O índice de inadimplência acima de 90 dias no Brasil ficou em 4,3%, recuo de 0,2% em relação ao fim de 2017. Neste intervalo, o índice de pessoas físicas caiu de 4,9% para 4,6%, enquanto o de grandes empresas subiu de 1% para 1,8%.
De acordo com Bracher, de forma geral o crédito do banco para grandes empresas não deve se recuperar neste ano, em parte porque várias delas têm recorrido ao mercado de capitais para captar novos recursos.
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Os analistas do JP Morgan Domingos Falavina, Yuri Fernandes e Guilherme Grespan consideraram a ausência de melhoria no índice global de inadimplência (3,1%) como um ponto negativo do balanço, especialmente se considerar que os rivais Bradesco e Santander Brasil tiveram evolução. “De forma geral, o balanço veio limpo e dentro do previsto, mas os resultados podem ser ofuscados por resultados melhores de Bradesco e Santander Brasil”, afirmaram em relatório.
O comportamento das ações do Itaú Unibanco pareciam fazer eco à visão dos analistas de que, no conjunto, o resultado trimestral foi neutro para marginalmente negativo.
Às 14h37, a ação do banco caía 4,1% na bolsa paulista, um dos piores desempenhos do Ibovespa, que cedia 1,6%
O banco afirmou na véspera que teve lucro líquido recorrente de R$ 6,4 bilhões de janeiro a março, alta de 3,9% sobre um ano antes, refletindo em parte menos despesas com provisões para perdas com inadimplência.
Na teleconferência, Bracher previu que a intensidade da melhoria dos níveis de inadimplência do banco deve diminuir nos próximos trimestres.