A Cielo teve no primeiro trimestre mais uma rodada de queda da lucratividade, refletindo a crescente concorrência no mercado de meios de pagamentos e os efeitos da queda do juro sobre antecipação de recebíveis.
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A Cielo informou hoje (2) que teve lucro líquido ajustado de R$ 932 milhões no período, uma queda de 7% ante mesma etapa de 2017. O lucro líquido, referência para remunerar acionistas, somou R$ 1,06 bilhão, avanço de 1,1% ano a ano, mas influenciado por efeito extraordinário.
O volume financeiro pago com cartões de débito e de crédito por meio dos terminais da Cielo subiu 5,6%, a R$ 152,7 bilhões, refletindo a lenta recuperação da economia.
No entanto, a tática da Cielo de se concentrar em grandes clientes e de limpar a base, com a desativação de terminais com pouco ou nenhum uso, deixou suas consequências. No fim de março, a base instalada de terminais de pagamentos da Cielo era de 1,594 milhão de dispositivos, 13,6% a menos do que um ano antes.
Além disso, mudanças no pagamento do Imposto Sobre Serviços (ISS) fizeram o desembolso da Cielo nessa linha crescer 19,4%, para R$ 340,3 milhões. Com isso, embora a receita bruta tenha subido 1,3%, a líquida caiu 0,6%.
O desempenho operacional da companhia medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização, na sigla em inglês) foi de R$ 1,24 bilhão nos três primeiros meses do ano, queda de 6% na comparação anual. A margem Ebitda caiu 2,6% para 44,6%
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No relatório, a Cielo atribuiu a queda à “contração da receita de aluguel, reflexo da queda do parque de terminais, bem como pelo efeito de mix de clientes e fraca recuperação do mix de produtos”.
Em outra frente, a receita líquida da Cielo com aquisição de recebíveis foi de R$ 463,3 milhões, recuo de 25,2% contra um ano antes, impactado por uma Selic menor, maior participação de grandes contas e redução das taxas cobradas.
Ainda assim, a empresa afirmou que espera que a base de clientes, bem como o número de terminais instalados, “retome trajetória positiva em algum momento mais adiante”.
Nos últimos meses, as ações da Cielo têm refletido a preocupação de investidores com a crescente concorrência no setor de meios de pagamentos no país.
Esse receio cresceu após o Banco Central anunciar em março que a partir de 1 de outubro as tarifas pagas por credenciadoras para emissoras de cartões de débito, a tarifa de intercâmbio terá um teto. Esse é um dos componentes do preço que as adquirentes cobram dos lojistas nas vendas pagas com cartões.
Em abril, o JPMorgan cortou a recomendação da ação da Cielo, citando entre outros fatores a expectativa de entrada de cerca de 30 novos concorrentes nesse mercado.
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Para tentar conter a perda de mercado para rivais, a Cielo tende a elevar gastos do marketing e pode conceder maiores desconto a clientes.
A própria Cielo afirmou no relatório de resultados prever “gastos, ou melhor, investimentos crescentes em marketing se façam presentes em nossos planos para o futuro”.