A Petrobras teve lucro líquido de R$ 6,96 bilhões no primeiro trimestre, alta de 56,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, no melhor resultado da empresa desde 2013, em meio a preços mais altos do petróleo e ganhos com vendas de áreas petrolíferas.
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O preço do petróleo no mercado internacional saiu de US$ 53,8 o barril na média do primeiro trimestre de 2017 para US$ 66,8 no mesmo período deste ano, informou a empresa hoje (8), em referência a um dos fatores por trás do lucro.
A alta na cotação também permitiu que a Petrobras obtivesse margens mais elevadas nas exportações de petróleo e gás natural, assim como na venda de derivados, disse a estatal.
No entanto, executivos da companhia afirmaram que não é adequado considerar que apenas o preço do petróleo foi responsável pelo maior lucro trimestral desde o início de 2013, quando a empresa havia registrado US$ 7,69 bilhões.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, destacou que, naquele trimestre, os preços do petróleo estavam acima dos US$ 100, contra a média de cerca de US$ 67 registrada no primeiro trimestre de 2018. “Eu não quero dizer aqui que o valor do petróleo não tem sua influência, mas acho que seria totalmente injusto dizer que foi só isso”, disse Parente a jornalistas.
O diretor-executivo da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores da Petrobras, Ivan Monteiro, destacou a disciplina da empresa na realização do plano de negócios, que tem mantido objetivos como a busca por desinvestimentos e redução da enorme dívida.
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A empresa teve ganhos de R$ 3,2 bilhões com a alienação de ativos petrolíferos de Lapa, Iara e Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos, acrescentou. “Você percebe em cada linha do balanço a captura de cada uma dessas etapas, seja no plano de desinvestimentos, seja nos custos da companhia…”, completou Monteiro, também na conferência de imprensa.
A dívida líquida da empresa diminuiu para US$ 81,45 bilhões, queda de 4% em relação ao último trimestre.
O lucro de juros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 25,67 bilhões, ante R$ 25,25 bilhões no primeiro trimestre de 2017.
Parente manteve a meta para a assinatura de desinvestimentos para o biênio 2017-2018, de US$ 21 bilhões, em busca também de atingir o objetivo de desalavancagem de 2,5 vezes dívida líquida sobre Ebitda.
DISCIPLINA
O lucro operacional foi de R$ 17,82 bilhões no primeiro trimestre de 2018, alta de 25% ante o primeiro trimestre de 2017, com destaque para o início da produção no campo de Búzios, avanço físico na construção de plataformas que serão instaladas no Brasil, crescimento de 4% nas exportações, menores despesas gerais e administrativas e menores gastos com ociosidade de equipamentos.
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“Estamos cumprindo à risca o que prometemos no nosso plano de negócios anunciado em 2016 e o resultado do primeiro trimestre mostra que as escolhas têm sido acertadas”, afirmou o presidente da Petrobras.
Segundo ele, com o resultado do primeiro trimestre, a empresa consolida uma trajetória de recuperação. “Nosso objetivo, e ainda há muito o que fazer, é chegar a dezembro com uma empresa que tem indicadores de segurança entre os melhores do nosso setor, financeiramente equilibrada e com sua reputação recuperada”, disse Parente.
Analistas de mercado apontaram como fatores positivos uma sólida geração de fluxo de caixa livre, a remuneração aos acionistas e a desalavancagem, dentre outros temas.
“Destacamos a geração de fluxo de caixa livre no primeiro trimestre, que ilustra a capacidade da Petrobras de desalavancar seu balanço em um ambiente de preço do Brent de US$ 65-US$ 70 o barril, assumindo que não haverá desinvestimentos adicionais de ativos”, disse o Goldman Sachs em relatório.
O fluxo de caixa livre permaneceu positivo pelo 12º trimestre consecutivo, atingindo R$ 12,993 bilhões, 3% menos do que no ano anterior, principalmente em função do pagamento da primeira parcela do acordo da Class Action e do prêmio para contratação de opções de venda para proteger o preço de parte da produção de óleo.
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Por volta das 14h30, as ações preferenciais da companhia operavam em alta de 0,5%, as ordinárias caíam 0,8%, enquanto o Ibovespa avançava 0,6% e o petróleo Brent tinha queda de 2%.
REMUNERAÇÃO
Os resultados da empresa foram duramente impactados nos últimos anos a partir da descoberta do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, no início de 2014, que envolveu fraudes em contratos da petroleira para pagamento de propina a políticos e ex-executivos.
Segundo Parente, hoje a empresa é “muito diferente daquela que existia antes da Lava Jato”.
Assim, a Petrobras informou hoje que seu Conselho de Administração aprovou em reunião na véspera a distribuição de remuneração antecipada aos acionistas sob a forma de Juros sobre o Capital Próprio (JCP), no valor de R$ 652,2 milhões, correspondente ao valor bruto de R$ 0,05 por ação.
A empresa pagará o JPC em 25 de maio, com base na posição acionária de 21 de maio, interrompendo anos sem remunerar os acionistas.
Anteriormente, a remuneração ocorria com base em resultados anuais. Mas prejuízos anuais desde 2014 impediram pagamento de dividendos aos acionistas nos últimos anos.