A Cyrela está entrando no segmento de empréstimos com imóveis em garantia este ano por meio de uma startup que terá capacidade de financiamento de até R$ 150 milhões, disse à Reuters o diretor administrativo financeiro da incorporadora, Juliano Bello.
LEIA MAIS: Financiamento imobiliário deve crescer 10% em 2018
A plataforma, batizada de CashMe, já está em fase de testes e será 100% detida pela Cyrela, contou o executivo, que se encarrega das iniciativas de tecnologia e inovação da companhia.
A construtora, uma das maiores no segmento de médio e alto padrão, está estruturando um fundo para levantar cerca de R$ 50 milhões em uma primeira rodada de financiamento para a CashMe, prevista para acontecer até o fim do ano.
“Temos aprovação para R$ 150 milhões, dos quais R$ 50 milhões serão levantados até o fim do ano . O restante virá depois via captação externa ou caixa”, explicou Bello, lembrando que a posição de caixa da Cyrela é “confortável”. No fim de março, a companhia tinha caixa total de R$ 1,116 bilhão.
De acordo com Bello, o mercado de empréstimos com imóveis em garantia atualmente movimenta cerca de R$ 16 bilhões no Brasil e tem potencial para chegar a R$ 100 bilhões em crédito concedido nos próximos 10 anos.
Em apenas dois meses de operação, a CashMe já soma mais de R$ 40 milhões em propostas de crédito e iniciará, no segundo semestre, campanhas digitais para ampliar a atuação. A proposta da startup é viabilizar a análise e aprovação do crédito em até dois dias.
LEIA MAIS: Infosys cria rede de financiamento baseada em blockchain
Além da CashMe, a Cyrela atualmente trabalha com mais de 20 startups, entre elas a Quinto Andar, por meio da qual mais de 1.500 clientes investidores da construtora já conseguiram alugar os imóveis adquiridos.
Há cerca de um ano a companhia também automatizou todo o sistema de pagamento de IPTU com um projeto de inteligência artificial desenvolvido pela startup Nuveo, que permitiu uma redução de R$ 1 milhão por ano em custo com multas de atraso.
Mais recentemente, a Cyrela firmou parceria com a Homelande para uma ferramenta já integrada com a maioria dos bancos que analisa todos os documentos do cliente e já determina a melhor alternativa de financiamento bancário, acelerando um processo que, normalmente, leva até 45 dias.
Outra iniciativa em fase de desenvolvimento é uma joint venture com a startup Wed.Biz que permitirá presentear casais com a parcela de entrada na compra de imóvel de qualquer construtora. A Cyrela ainda não fez um aporte no projeto que, segundo Bello, terá uma estrutura de custo baixo, entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões.
Na avaliação do executivo, a atuação de startups no setor imobiliário ainda é incipiente e são muitas as oportunidades no Brasil. “Temos cerca de 10 mil startups no país e só 80 atuam no setor”, afirmou, acrescentando que há mais espaço para o desenvolvimento de soluções em processos burocráticos que de negócios.
LANÇAMENTOS
LEIA MAIS: Empresas se unem para financiamento e mentoria para fintechs
Para 2018, a Cyrela espera lançar mais imóveis. “Nós temos uma expectativa muito positiva para São Paulo esse ano, com projetos mais assertivos”, destacou o executivo. De acordo com ele, a construtora já conseguiu reduzir o volume dos estoques, que estão concentrados em praças com maior liquidez, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e cidades no sul do país.
No primeiro trimestre, a empresa lançou seis empreendimentos, o equivalente a um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 434 milhões, 29% menor em relação ao mesmo período de 2017, conforme prévia operacional divulgada em 12 de abril.