O dólar terminou o dia (19) praticamente estável ante o real, com um movimento de correção que desobrigou o Banco Central a atuar extraordinariamente no mercado e colocou o Brasil na contramão do exterior, onde predominou a aversão ao risco com o recrudescimento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
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O dólar avançou 0,11%, a R$ 3,7443 na venda, depois de marcar a máxima de R$ 3,7855 e a mínima de R$ 3,7176. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,05%.
“Passou a histeria. Mercado sabe que o BC está atuando, deu uma acomodada”, comentou o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Os profissionais das mesas não viram uma justificativa para a correção do dólar em um dia de grande nervosismo no mercado internacional. Citaram, além da forte alta recente da moeda, zeragem de algumas posições compradas bem como o ajuste em baixa da curva de juros para a possível manutenção da Selic em 6,50% no dia seguinte.
Logo após a abertura, o dólar bateu a máxima ante o real, sob influência externa.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões em bens chineses e Pequim alertou que irá retaliar, em um rápido agravamento do conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O Ministério do Comércio da China disse que Pequim vai reagir com medidas “qualitativas” e “quantitativas” se os EUA publicarem uma lista adicional de tarifas sobre bens chineses.
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O aumento da retórica entre os dois países trouxe um forte movimento de aversão ao risco que içou o dólar ante a grande maioria das moedas no exterior, subindo ante a cesta e ante divisas de emergentes, como o peso chileno e o rand sul-africano.
“A China teria de impor tarifas sobre tudo o que comprasse dos EUA para manter essa resposta na mesma medida. Mas ela tem outras ferramentas que poderia usar, incluindo pressionar diretamente as empresas norte-americanas que operam no país”, afirmou a empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics (CE) em relatório.
Atuação do BC
O mercado também trabalhou sob a expectativa de atuação do Banco Central por meio de leilão de novos contratos de swaps cambiais tradicionais – equivalentes à venda futura de dólares –, mas, pela primeira vez desde 14 de maio, o BC não ofertou swaps adicionais ao mercado.
A moeda norte-americana valorizou 6,66% em maio e, no acumulado de junho, apenas 0,2% ante o real.
No mês passado, para tentar conter a elevada volatilidade dar liquidez aos agentes, o Banco Central vendeu US$ 7,250 bilhões em novos contratos de swap, volume que já somava US$ 32,366 bilhões neste mês até a véspera.
Na quinta-feira passada (14), o BC anunciou que ofertaria cerca de US$ 10 bilhões em novos swaps nesta semana, podendo ajustar a oferta, mas vendeu apenas US$ 1 bilhão, na véspera.
Nesta sessão, o BC fez apenas o leilão de swap para rolagem, no qual vendeu integralmente a oferta de até 8.800 contratos, já rolando US$ 5,720 bilhões do total de US$ 8,762 bilhões que vence no mês que vem. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.