Paul Manafort se tornará amanhã (31) o primeiro ex-assessor do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a ir a julgamento, acusado de fraude bancária e tributária por investigadores federais que analisam a interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016.
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Apesar do foco em crimes financeiros, o julgamento pode render manchetes politicamente negativas sobre um homem que gerenciou a campanha de Trump durante três meses e compareceu a um encontro de junho de 2016 com russos que ofereceram informações prejudiciais sobre sua então rival democrata, Hillary Clinton. Essa reunião é um dos principais ângulos do inquérito de 14 meses do procurador especial Robert Mueller.
“Meu palpite é que veremos um frenesi à lá O.J. no tribunal”, disse Michael Caputo, ex-assessor de Trump e sócio de longa data de Manafort, referindo-se ao julgamento de O.J. Simpson por assassinato em 1995. “Realmente espero que o presidente continue a observar e fazer comentários públicos sobre este caso”.
Ele disse que Trump pode ajudar o público a entender o que está em jogo no inquérito de Mueller, que ele e Trump qualificaram como uma “caça às bruxas” concebida para acabar com seu governo.
Os procuradores devem argumentar que os gastos exorbitantes de Manafort com ternos, casas e artigos de luxo não condizem com a renda apresentada em suas declarações de impostos e que ele enganou credores ao emprestar dezenas de milhões de dólares usando imóveis em Nova York como garantia.
Joshua Dressler, professor de Direito da Universidade Estadual do Ohio, disse que as provas contra Manafort, de 69 anos, parecem robustas, mas que ele terá um juiz favorável, T.S. Ellis, de 78 anos, que é conhecido por ser duro com procuradores, e que o clima político carregado aumenta as chances de um júri dividido.
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Manafort, que se declarou inocente, enfrenta 18 acusações. As nove referentes a fraude bancária e conspiração já implicam em penas máximas de 30 anos cada, e em abril o juiz Ellis observou que Manafort corre o risco de passar o resto da vida na prisão.
Alguns especialistas legais opinaram que Manafort pode estar apostando em um eventual perdão de Trump, que classificou seu ex-gerente de campanha como um “cara legal” que foi tratado injustamente.
O julgamento de Manafort coincide com uma especulação crescente de que Michael Cohen, ex-advogado pessoal de Trump, pode se voltar contra o presidente e cooperar com investigadores federais.