A Altos Hornos de Mexico, uma das maiores siderúrgicas mexicanas, pagou US$ 3,7 milhões a uma empresa de fachada supostamente criada pela construtora brasileira Odebrecht para pagar propinas, informou hoje (20) o site de notícias investigativas “Quinto Elemento Lab”.
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A AHMSA fez três transferências para a conta semanas depois de anunciar a controversa venda de uma fábrica de fertilizantes para a companhia petrolífera estatal mexicana Pemex em 2014, informou o site, citando documentos do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil.
Não está claro quais ligações podem ter existido entre a Odebrecht, a AHMSA e a Pemex. As autoridades mexicanas têm investigado os negócios entre a companhia petrolífera e o conglomerado brasileiro, que nos últimos anos admitiu pagar mais de US$ 3 bilhões m propinas em toda a América Latina, incluindo US$ 10 milhões no México.
A conta que recebeu a transferência da AHMSA, de acordo com os documentos citados pelo relatório, foi registrada em Antígua pela Odebrecht em nome da Grangemouth Trading Company, registrada na Escócia.
A Grangemouth aparece em uma lista de empresas offshore montadas por Olivio Rodrigues Junior, que trabalhou para a Odebrecht e que, em depoimento aos promotores, disse que ajudou seu empregador a pagar subornos.
O porta-voz da AHMSA, Francisco Orduna, confirmou à Reuters que os pagamentos foram feitos, mas disse que os valores foram para a Grangemouth aconselhar a AHMSA sobre equipamentos, sistemas, logística e fornecedores para uma expansão das siderúrgicas em Monclova, no México.
A Odebrecht não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Grangemouth, registrada no Reino Unido em março de 2013, de acordo com documentos online, diz que fornece equipamentos pesados e representa fabricantes e revendedores de equipamentos usados. A empresa está listada como parceira da Stichting Tilbourg Crossing, uma entidade com sede na Holanda que, segundo os documentos, fazia parte da estrutura de subornos da Odebrecht.
A Reuters não conseguiu localizar nenhum representante da Grangemouth ou da Stichting Tilbourg Crossing.
De acordo com a reportagem, os pagamentos começaram logo depois que a AHMSA concluiu uma venda de US$ 273 milhões de uma fábrica de fertilizantes para a Pemex, uma transação posteriormente criticada pelos auditores mexicanos como cara e mal analisada.
A reportagem não provou um vínculo direto entre os pagamentos da Grangemouth e o contrato da Pemex ou mostra para onde foi o dinheiro que a AHMSA pagou a Grangemouth.
Os pagamentos da AHMSA a Grangemouth foram feitos para uma conta no Meinl Bank Antigua, informou o site. A conta é a mesma que os executivos da Odebrecht disseram em depoimento que costumavam usar para pagar Emilio Lozoya, presidente-executivo da Pemex na época.
A Pemex se recusou a comentar sobre questões relacionadas à Odebrecht, citando a investigação em andamento. A petrolífera disse que a fábrica de fertilizantes que comprou da AHMSA, que ficou desativada por 18 anos antes da negociação, foi reformada e agora está em operação.