Experimente postar a foto de um indígena no Facebook. Ela será removida pouco depois devido à nudez de quem vive ao natural — ainda que não haja qualquer erotismo na imagem. A regra que proíbe corpos nus vale também para o Instagram, rede social do mesmo grupo. Mas de nada adianta: o site é carregado de pornografia e outras imagens e vídeos de teor sexual, que podem ser acessados por um sem-número de adolescentes.
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Chega a ser estranho, diante de um regulamento rígido — e já ridicularizado por usuários — que veta até mesmo nudez “artística”. Toda e qualquer imagem que contenha relações sexuais, genitais e closes de nádegas, além de algumas fotos de mamilos femininos, está fora da lei do Instagram. São permitidas apenas fotos de cicatrizes pós-mastectomia, de mulheres que amamentam e registros de pinturas e esculturas.
Mas é fácil, fácil encontrar conteúdo obsceno do Instagram. Basta pesquisar termos como “nude”, “babes” ou “sexy” e suas variações, ou o nome de qualquer estrela pornô no campo de buscas que logo aparecerão contas que desrespeitam a regra sobre a nudez. A hashtag #Sexy aparece em mais de 57 milhões de posts, muitos dos quais clipes de vídeos pornôs, enquanto #porngirls figura em mais de 300.000 deles.
Em um experimento recente, a organização de segurança digital Protect Young Eyes apresentou 50 relatórios sobre hashtags ligadas a conteúdo pornográfico. Não obtiveram qualquer resposta do Instagram. É de se suspeitar que muito dinheiro seja feito com essas páginas e hashtags. A mídia social é um grande negócio na indústria do entretenimento adulto, já que as estrelas pornográficas estão ganhando menos dinheiro do que costumavam com tanta pornografia gratuita disponível na internet. Elas agora procuram seguidores, em vez de espectadores, e o fazem com iscas que consistem em fotos e vídeos de si mesmas em poses e situações sensuais e sexuais. E o Instagram permite.
Isso é problemático por vários motivos. O Instagram é o segundo site de mídia social mais popular entre adolescentes, atrás apenas do YouTube, segundo The Pew Research Center. O site permite que usuários de até 13 anos tenham contas, embora os mais jovens usem o site com a permissão dos pais. Adolescentes gostam da ferramenta de criar conteúdos (stories) que desaparecem em 24 horas, e, auto-referentes que são, de produzir e compartilhar informações da própria vida.
É hora de o Instagram aplicar aquilo que prega. Ou revisar seu regulamento para refletir a realidade.