Diferente de seu carismático chefe Jack Ma, o presidente-executivo do Alibaba, Daniel Zhang, não gosta dos holofotes, muito menos de participar de filmes de kung fu com estrelas de cinema ou dançar em público.
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Pouco se sabe fora da empresa sobre Zhang, um contador de fala suave que tem o apelido no trabalho de “Xiaoyaozi”, o nome de um personagem de um romance de artes marciais chinês, que significa, literalmente, “livre e sem restrições”.
No entanto, ele terá que emergir das sombras após Ma anunciar que deixará o cargo de presidente do conselho em setembro de 2019, entregando a Zhang as rédeas de sua gigante de tecnologia de US$ 420 bilhões.
“Nós não sabemos muito sobre Zhang, embora ele tenha sido presidente-executivo por algum tempo, porque ele é, naturalmente, uma pessoa reservada. Ele é feliz sem estar no centro das atenções”, disse Duncan Clark, diretor-geral da consultoria de tecnologia BDA e autor de “Alibaba: The House that Jack Built”.
A transferência do poder, a primeira transição desse tipo para qualquer grande empresa de tecnologia chinesa, levará Zhang, de 46 anos, ao topo de um império que inclui comércio eletrônico, pagamentos, delivery de comida e varejo físico.
Zhang, que conduz as teleconferências do Alibaba com investidores com uma delicadeza oriunda de anos de trabalho nas empresas de auditoria Arthur Andersen e PricewaterhouseCoopers, é presidente-executivo desde 2015.
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Suas marcas estão em alguns dos passos mais bem-sucedidos: ele foi o arquiteto crucial do “Singles Day”, no Alibaba, evento de 11 de novembro que se tornou o maior festival de compras online do mundo.
A empresa ganhou cerca de US$ 200 bilhões em valor de mercado desde que ele assumiu o cargo e reportou nove trimestres seguidos de crescimento da receita acima de 50%, enquanto investiu em entrega de comida e varejo físico, e avançando para o sudeste da Ásia.
Crucialmente, Zhang supervisionou o crescimento da plataforma de varejo Tmall, que se tornou um dos mais significativos motores de receita da empresa, competindo com a grande concorrente de comércio eletrônico chinesa JD.com.
No entanto, ele também herda alguns desafios. Apesar do crescimento acentuado das vendas, as margens do Alibaba têm sido pressionadas pelo aumento da competição e por pesados investimentos para superar a concorrência. As ações da empresa acumulam queda superior a 10% este ano após máximas em junho.
Uma guerra comercial também está prejudicando as ambições do Alibaba para expansão internacional, incluindo nos Estados Unidos.
Zhang, que entrou no Alibaba em 2007, vê a empresa como um ecossistema integrado que atrai consumidores com filmes, transmissão ao vivo de esportes, entrega de comida e notícias.
“O Alibaba hoje é mais como um ‘tudo em um'”, disse ele a investidores e analistas em uma teleconferência sobre os resultados da empresa em agosto.
Zhang, que é de Xangai, disse em uma entrevista à publicação local de negócios “Yicai” no ano passado que ele voltava à cidade uma vez por semana da sede do Alibaba, em Hangzhou, para recarregar as energias e ficar com sua esposa. Ele acrescentou que não tinha comprado uma casa em Hangzhou porque não tinha tempo. Para relaxar, ele gosta de assistir futebol e basquete.
Assim como Ma, Zhang trabalhou duro para promover a empresa desde sua abertura de capital em 2014, aparecendo no World Economic Forum, em Davos, e em outros eventos globais.
No entanto, ele não tem o mesmo poder de estrela que fundadores de grandes empresas de tecnologia da China têm, incluindo Jack Ma, Robin Li, do Baidu, e Pony Ma, da Tencent Holdings.
Zhang e sua equipe “estão prontos” para assumir, disse Ma em uma carta para a equipe e os acionistas. Ele descreveu Zhang como dono de “excelente talento, visão de negócios e liderança determinada”. “Sua mente analítica é incomparável, ele preza muito a nossa missão e visão, aceita responsabilidade com paixão e tem a coragem de inovar e testar modelos de negócios criativos”, escreveu.