O dólar terminou a sessão com queda superior a 1% e no menor nível em mais de um mês, próximo dos R$ 4, influenciado pelo melhor desempenho de Jair Bolsonaro (PSL) em pesquisa eleitoral e após o Federal Reserve manter sua previsão sobre a trajetória gradual de aumento dos juros nos Estados Unidos.
LEIA MAIS: Dólar recua e toca R$ 4 com pesquisa eleitoral
O dólar recuou 1,39%, a R$ 4,0262 na venda, menor valor desde os R$ 3,9517 de 20 de agosto. Na mínima, a moeda foi a R$ 4,0096 e, na máxima, R$ 4,0949. O dólar futuro tinha baixa de 1,3%.
“O mercado gostou da pesquisa porque mostrou Bolsonaro crescendo, não consolidando sua estagnação, e ainda acima de 30%”, explicou o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado, ao citar a pesquisa do Instituto Paraná, responsável por firmar a trajetória de baixa do dólar.
Segundo a pesquisa do Instituto Paraná, Bolsonaro segue na liderança com 31,2% das intenções de votos, ante 20,2% de Haddad e 10,1% de Ciro Gomes (PDT). No levantamento anterior, os percentuais eram de, respectivamente, 26,6%, 8,3% e 11,9%.
Em uma simulação de segundo turno contra o petista, Bolsonaro venceria com 44,3% dos votos contra 39,4% de Haddad.
À tarde, o levantamento CNI/Ibope sobre a corrida eleitoral não influenciou os negócios. A pesquisa mostrou Bolsonaro com 27% das intenções de voto e Haddad com 21%, uma diferença de 6%, a mesma vista na pesquisa divulgada pelo instituto na segunda-feira (24), embora, naquela ocasião, Bolsonaro tivesse 28% e Haddad, 22%.
VEJA TAMBÉM: Sob sombra de pesquisas e Fed, dólar oscila pouco
“O levantamento CNI/Ibope mostrou uma distância constante entre Bolsonaro e Haddad… mercado então continuou repercutindo a pesquisa de mais cedo”, comentou o economista-chefe da corretora Guide, Victor Candido.
Mais cedo nesta semana, os mercados haviam mostrado preocupação com um cenário de maior dificuldade para Bolsonaro, trazido justamente em pesquisa Ibope.
O mercado prefere alguém mais comprometido com o ajuste das contas públicas e tem jogado suas fichas recentemente em Bolsonaro, já que o preferido Geraldo Alckmin (PSDB) segue sem tração nas pesquisas.
À tarde, o desfecho da decisão de política monetária do Federal Reserve ajudou a derrubar um pouco mais o preço do dólar ante o real.
“Havia algum temor de que o Fed poderia indicar mais aumentos dos juros no próximo ano, mas ele manteve a previsão de que devem ocorrer mais três novas altas em 2019”, explicou o economista-chefe Candido, da Guide.
E TAMBÉM: Dólar termina com leve baixa ante o real
Ao elevar a taxa de juros para o intervalo de 2,00 a 2,25% nesta tarde, o terceiro aumento em 2018, o Fed deixou sua perspectiva de política monetária para os próximos anos praticamente inalterada em meio ao crescimento econômico estável e a um mercado de trabalho forte no país.
A autoridade monetária previu mais um aumento em dezembro, mais três no ano que vem e um derradeiro em 2020.
Após o Fed, o dólar tinha leve alta ante a cesta de moedas e caía ante as divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.
Os operadores também citaram fluxo como justificativa para o recuo do dólar ante o real, além de um movimento de zeragem de posições compradas.
O Banco Central ofertou e vendeu integralmente nesta sessão 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. O BC já rolou até esta sexta-feira (28) US$ 9,265 bilhões em swaps cambiais do total de US$ 9,801 bilhões que vencem em outubro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.