O primeiro pregão após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais terminou com o dólar em alta e de volta ao nível de R$ 3,70, com investidores embolsando lucros recentes enquanto monitoram a divulgação de detalhes sobre o futuro governo.
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A moeda norte-americana avançou 1,39%, a R$ 3,7053 na venda, depois de marcar a mínima de R$ 3,5822 na abertura dos negócios. Na máxima, à tarde, atingiu os R$ 3,7185. O dólar futuro tinha valorização de cerca de 1,8%.
“Não acabou o bom humor [com a vitória de Bolsonaro]. Está havendo uma zeragem de posições, uma realização”, disse o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado ao explicar a inversão da trajetória do dólar da queda registrada pela manhã para uma alta.
Entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial, o dólar perdeu US$ 0,20 com o mercado montando posições para a decisão de ontem (28), em que o capitão da reserva do Exército de 63 anos derrotou o petista Fernando Haddad.
Na sexta-feira (27), o dólar chegou a atingir o menor valor em cinco meses, devido ao otimismo dos investidores com a proximidade de vitória de Bolsonaro. “Existia ainda algum hedge nas posições para o risco Haddad, que foi logo devolvida na abertura”, completou Alessie Machado.
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Com boa parte da vitória de Bolsonaro já precificada, os investidores estão de olho agora nos próximos passos do governo de Bolsonaro, principalmente no que se refere à economia. “Os próximos drivers para o dólar local serão a divulgação da equipe econômica e esclarecimentos em relação ao plano de governo”, afirmou o sócio da assessoria de investimentos Criteria Investimentos, Vitor Miziara, referindo-se a questões como controle de gastos e reforma da Previdência.
Em seu primeiro discurso após ser declarado vitorioso, Bolsonaro prometeu respeitar a Constituição, fazer um governo democrático e unificar o país, além de defender compromisso com a responsabilidade fiscal.
O economista Paulo Guedes, que comandará o Ministério da Fazenda no novo governo e foi o principal motivo para Bolsonaro angariar o apoio do mercado financeiro, declarou que buscará zerar o déficit fiscal em um ano, além de colocar a reforma da Previdência como prioridade.
Já o futuro ministro da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse que o BC no novo governo trabalhará com a definição de variações para juros e câmbio, e que buscará dar maior previsibilidade a empresários em relação à oscilação da moeda norte-americana.
Ao ser questionando sobre o estabelecimento de uma meta para câmbio, contudo, ele negou que a investida esteja nos planos, mas não deu detalhes sobre como a dinâmica para o dólar eventualmente vai funcionar.
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A correção no mercado doméstico acabou ganhando força no período da tarde, quando o mercado externo piorou e o dólar firmou-se em alta ante a maioria das divisas emergentes, como o peso chileno e o rand sul-africano. O maior valor, no entanto, se dava ante peso mexicano após o presidente eleito Lopez Obrador cancelar o projeto de um novo aeroporto na Cidade do México, no valor de US$ 13 bilhões.
Ante a cesta de moedas, o dólar subia em dia de fraqueza do euro após a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ter declarado que não buscará uma reeleição como presidente do partido, marcando o fim de uma era de 13 anos em que ela dominou a política europeia.
A notícia de que o governo dos Estados Unidos poderá aplicar tarifas sobre todos os produtos chineses importados pelos EUA, se falhar o encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, acabou azedando as bolsas norte-americanas e espalhando a aversão ao risco para o mercado de moedas.
O Banco Central vendeu nesta sessão 7,7 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 7,70 bilhões do total de US$ 8,027 bilhões que vence em novembro. Se mantiver essa oferta amanhã e vendê-la integralmente, terá feito a rolagem total dos contratos.