O Ministério da Agricultura abriu uma investigação de corrupção a partir de alegações policiais de que a BRF, maior exportadora de frango do mundo e dona das marcas Sadia e Perdigão, teria agido para fraudar protocolos de segurança alimentar, disse uma autoridade do ministério.
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O processo de apuração de responsabilidade de pessoa jurídica, publicado no “Diário Oficial da União” em 17 de outubro, não cita nominalmente nenhuma empresa. A publicação ocorreu dois dias após a divulgação de um relatório da Polícia Federal alegando que pessoas do alto escalão da BRF supostamente adulteraram documentos e resultados de laboratórios para burlar normas de segurança alimentar e controles de qualidade.
Como parte da investigação do ministério, seis instalações da BRF foram alvo de inspeções da pasta hoje (25), disse uma fonte com conhecimento do assunto. Duas das fábricas são mencionadas no relatório da PF, disse uma segunda fonte. O funcionário do ministério, que pediu para não ser identificado, disse que a investigação diz respeito a empresas citadas na operação Trapaça da PF em março deste ano.
A operação alegou que a BRF e o laboratório Mérieux NutriSciences Brasil conspiraram para enganar os controles oficiais.
A assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura não comentou o assunto. A BRF confirmou que o ministério iniciou hoje inspeções em algumas fábricas da empresa em conexão com a investigação da PF, mas não informou em quantas. Em comunicado enviado à Reuters, a empresa afirmou que “os responsáveis pelas unidades foram orientados a prestar atendimento imediato a todas as demandas dos fiscais do Ministério da Agricultura”.
“A BRF colabora de forma ampla e transparente com as autoridades e tem interesse máximo que quaisquer fatos sob análise sejam plenamente esclarecidos”, acrescentou a companhia. A Mérieux negou as alegações de fraude e corrupção.
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A Polícia Federal alegou na ocasião que a BRF tentou controlar a disseminação de notícias de que a China havia encontrado traços da substância altamente tóxica dioxina nas importações de frango do Brasil em 2015, e agiu para impedir que o governo fizesse uma investigação aprofundada do caso.
A PF também acusou a BRF de usar o antibiótico proibido Nitrofurazona e de divulgar erroneamente os níveis de outros antibióticos em seus processos industriais. A BRF disse que está cooperando com a investigação e suspendeu preventivamente todos os funcionários citados no relatório policial.
As autoridades encontraram evidências de que a BRF ordenou o abate para consumo em 2016 de cerca de 26.000 aves infectadas com Salmonella Typhimurium, um patógeno nocivo aos seres humanos. A polícia também alega que a empresa forneceu informações falsas às autoridades para ocultar a decisão.
A PF disse que carne desse lote foi vendida em pelo menos 10 Estados brasileiros e exportado para a Europa.
A investigação relacionada às práticas das empresas de alimentos começou em março de 2017 com a operação Carne Fraca e foi ampliada em março de 2018 com a operação Trapaça. Não há ainda “prova inconteste” de qualquer irregularidade cometida por servidores públicos, disse a PF.
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Mas o Ministério da Agricultura disse que 22 servidores foram implicados na primeira parte da investigação, e que 19 se encontram suspensos do exercício da função pública e afastados por determinação judicial.
Na semana passada, a PF indiciou 43 pessoas ligadas à sua investigação criminal, incluindo o ex-presidente executivo da BRF Pedro de Andrade Faria e o empresário Abilio Diniz, ex-presidente do conselho de administração da companhia.
Agora, os procuradores precisam decidir se acusam as pessoas indiciadas, pedem provas adicionais ou descartam as alegações da polícia.
As ações da BRF encerraram o dia com oscilação positiva de 0,1%. O Ibovespa teve alta de 1,2%.