Menos de dois meses depois de um desentendimento com seus acionistas, a Unilever anunciou hoje (29) a aposentadoria de seu CEO, Paul Polman. Ele será substituído pelo chefe de sua unidade de beleza da gigante anglo-holandesa de bens de consumo, Alan Jope, a partir de 1º de janeiro. A saída de Polman se dá após a revolta de investidores que abortou o plano de mudar a sede da fabricante de sabonetes Dove e do sorvete Ben & Jerry’s para a Holanda, em outubro.
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Jope, 54, é o chefe da divisão de beleza e cuidados pessoais, que é a maior da Unilever, respondendo por quase metade dos lucros do grupo. Ele também é um ex-líder de negócios na China e tem sido visto como um sucessor natural de Polman. “Nosso alcance global inclui posições fortes em muitos mercados importantes para o futuro e nosso foco continuará servindo nossos consumidores e nossos outros múltiplos stakeholders, para entregar crescimento de longo prazo e criação de valor”, disse o executivo no comunicado sobre a mudança no comando da companhia.
À frente da Unilever por 10 anos, Paul Polman deu grandes retornos aos acionistas, um crescimento de 290% no período, expandiu sua presença nos mercados emergentes e, em 2017, defendeu a aquisição da Kraft-Heinz por US$ 143 bilhões. Essa oferta mal-sucedida, no entanto, levou o holandês Polman a receber a reação irada dos acionistas britânicos, já que a Unilever teria que deixar o índice FTSE, forçando alguns a vender participação na Inglaterra.
Polman e seu compatriota Marijn Dekkers, o presidente, abandonaram o plano em 5 de outubro, quando ficou claro que ele poderia morrer na praia, sem os votos necessários dos acionistas.
Processo rigoroso
A nomeação do britânico Jope reequilibra a binacionalidade anglo-holandesa da empresa. Jope, da Unilever desde 1985, receberá um salário fixo de 1,45 milhão de euros (US$ 1,65 milhão), além de um bônus anual de 150% de remuneração fixa em sua nova função como CEO. Ele foi nomeado no cargo depois do que o presidente chamou de “um processo de seleção rigoroso e abrangente”.
Polman, que recebeu um salário anual fixo de 1,4 milhão de libras, mas com bônus, levou para casa um pacote total de 10 milhões de libras. Ele permanecerá por seis meses para apoiar a transição de Jope para o papel, acrescentou a Unilever no comunicado. “Tendo trabalhado em estreita colaboração com Alan por muitos anos, estou altamente confiante de que, sob sua liderança, a Unilever prosperará por muito tempo no futuro”, disse Polman.
As ações da Unilever venderam 0,8%, para 4.294 pence no início do pregão da quinta-feira. As ações subiram 170% desde que Polman assumiu o cargo no início de 2009.