O dólar recuava ante o real hoje (28), sob influência de nova intervenção do Banco Central por meio de leilão de linha – venda com compromisso de recompra -, mas acompanhando a disputa comercial entre Estados Unidos e China e aguardando discurso do chairman do banco central norte-americano.
LEIA MAIS: BC atua, dólar recua e termina abaixo de R$ 3,90
Às 10:18, o dólar recuava 0,26%, a R$ 3,8666 na venda, depois de terminar a sessão anterior em queda de 1,04%, a R$ 3,8767. O dólar futuro tinha queda de 0,25%.
“Leilão de linha e exterior estão garantindo a queda do dólar, mas acho que o leilão aqui pesa mais. O BC está dando liquidez para o mercado nessa época de saída. A tendência é o dólar dar uma estabilizada ao redor de R$ 3,70 até o final do ano”, disse o gerente de câmbio da corretora Ourominas, Mauriciano Cavalcanti.
Depois de subir 4,75% em cinco pregões seguidos de alta, o Banco Central anunciou para a véspera leilão de US$ 2 bilhões em linha, vendido integralmente, e outra oferta de US$ 1 bilhão para hoje.
“Se o dólar voltar para um patamar mais ‘normal’, o BC pode interromper esses leilões. Caso contrário, pode vir a fazer até diariamente”, disse Cavalcanti.
A autoridade também realiza nesta sessão leilão de até 13,6 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de dezembro, no total de US$ 12,217 bilhões. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
VEJA TAMBÉM: Dólar recua abaixo de R$ 3,90 com correção
No exterior, o ambiente está mais tranquilo neste pregão, depois que o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse na terça-feira que uma reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu colega chinês, Xi Jinping, na cúpula do G20 é uma oportunidade para “virar a página” sobre a disputa comercial.
Dessa forma, ele suavizou as declarações dadas por Trump na véspera de que era “altamente improvável” que ele aceitasse o pedido da China para suspender o aumento das tarifas.
Os investidores também estão à espera dos dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA que, somados ao discurso do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, podem dar um indício mais claro sobre a trajetória de juros do país.
A preocupação com a desaceleração econômica mundial em meio ao ambiente comercial mais hostil tem levado os investidores a avaliarem que o banco central dos EUA pode ser mais sutil na trajetória de aumento de juros no país.
Se isso acontecer, esse movimento beneficiaria emergentes como o Brasil ao manter a atratividade desses mercados aos investidores.
E TAMBÉM: Dólar tem maior alta em mais de 5 meses
“Caso o impasse entre os EUA e a China não chegue a nenhuma conclusão, a tendência de elevações mais pontuais de juros começa a perder força, na expectativa por uma atividade econômica com menor crescimento, dirimindo a necessidade do contínuo aperto”, escreveu a gestora Infinity em relatório.
À espera de Powell, o dólar rondava a estabilidade ante a cesta de moedas e operava misto ante emergentes, em queda ante o peso chileno e alta ante o rublo.