A General Motors anunciou que passará a vender em 2019 no Brasil o elétrico Bolt, fabricado nos Estados Unidos. Ele não revelou estimativas de vendas, mas disse que o preço do modelo, vendido por cerca de US$ 35 000 nos EUA, será de R$ 175 000. O carro será o primeiro elétrico da GM vendido no mercado brasileiro e chegará ao país apesar das indefinições sobre incentivos para o segmento de veículos elétricos no país. Além do lançamento do Bolt no país, a GM deverá incluir a partir de 2019 recursos de conectividade por meio de rede de telefonia celular 4G em seus lançamentos de veículos no Brasil.
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A montadora, que completou em outubro 38 meses de liderança de vendas de carros e comerciais leves no Brasil, programou 20 lançamentos de veículos no país nos próximos quatro anos, como parte de um pacote de investimento de R$ 13 bilhões de 2014 a 2019. Ele não fez comentários sobre o próximo plano de investimentos da montadora.
Futuro do setor
A General Motors avalia que o programa automotivo Rota 2030 tem uma oportunidade de ser melhorado no próximo governo, incluindo aspectos que incentivem a competitividade da indústria automotiva do Brasil. O programa de incentivo ao setor automotivo do país, que substituiu o Inovar Auto, foi aprovado por medida provisória editada pelo presidente Michel Temer, mas sua viabilidade depende de regulamentação do Congresso até a próxima semana para não perder a validade.
O Rota 2030 é uma política de longo prazo para um setor que afirma ser responsável por 4% do PIB do Brasil e por 22% da produção industrial do país. Após a aguardada regulamentação pelo Congresso, ele definirá bases que ajudam a nortear os investimentos do setor para os próximos anos, definindo metas de eficiência energética e de obrigatoriedade de itens de segurança dos veículos a serem desenvolvidos.
“É uma oportunidade para ser melhorado. A oportunidade para o Mercosul é uma produção de 3,5 milhões de unidades este ano. No Mercosul, o mais difícil é ter essa escala, são poucos os lugares do mundo que têm essa escala”, disse o presidente da General Motors para América do Sul, Carlos Zarlenga, a jornalistas durante o salão do automóvel de São Paulo.
Segundo ele, essa capacidade produtiva poderia ser mais bem aproveitada, ampliando a competividade do setor, se fosse focada também para a exportação, em vez de apenas para os mercados internos dos respectivos países do bloco.
“Por que os programas de investimento (definidos pelos governos) são destinados apenas ao Mercosul?”, questionou o executivo no momento em que parlamentares de vários Estados travam em Brasília embates há semanas sobre benefícios fiscais a serem adotados pelo Rota 2030.
“Os custos hoje não são competitivos frente a outras regiões do mundo que disputam investimentos com o Mercosul”, disse Zarlenga. “Aprovamos um Rota que não fala nada disso. Que não fala sobre carga tributária, custo de logística, multimodalidade (no transporte dos veículos a seus destinos).”
Questionado se defende que o Rota 2030 seja rediscutido pelo governo que toma posse em janeiro, Zarlenga não comentou.
Para 2019, o executivo estimou que as vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil somarão cerca de 2,8 milhões de unidades, ante expectativa de 2,6 milhões em 2018. Para a Argentina, a expectativa é de 800 mil licenciamentos este ano e 650 mil a 700 mil em 2019.
Segundo Zarlenga, passadas as eleições, o setor tem menos incertezas pela frente, algo que vinha afetando as vendas no Brasil. Para o executivo, o período eleitoral afetou o câmbio e adiou compras pelos consumidores. “As medidas discutidas pela equipe ecônomica do novo governo fazem sentido”, disse o presidente da GM América do Sul, se referindo às reformas da previdência e tributária e abertura comercial gradual.