A BRF assinou acordos para venda de R$ 822 milhões em ativos de um plano de desinvestimentos total de R$ 5 bilhões até o final deste ano, afirmou hoje (7) o vice-presidente de operações da companhia dona das marcas Sadia e Perdigão, Lorival Luz.
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Segundo o executivo, o valor envolve os acordos anunciados mais cedo nesta sexta-feira (7) com a Marfrig para a venda da empresa argentina Quickfood e de uma fábrica de produtos de carne bovina em Várzea Grande (MT), e ativos considerados não essenciais pela empresa como imóveis no Brasil e no exterior.
Além da meta de venda de R$ 5 bilhões, decidida em meados do ano em um momento em que a empresa vivia os efeitos de uma crise de fracos resultados e investigações desencadeadas pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, Luz confirmou objetivo da BRF de obter uma relação de dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 4,35 vezes neste ano ante 6,74 vezes no fim de setembro.
Luz não deu detalhes sobre o estágio das negociações da BRF sobre o restante dos ativos a serem vendidos, que inclui outras instalações produtivas na Argentina, além de fábricas na Europa e Tailândia.
“Nosso objetivo é buscar a contratação dessas transações até o final do ano”, disse Luz acrescentando que deve viajar para a Argentina na próxima semana.
Segundo analistas do BTG Pactual, a venda da Quickfood e da fábrica no Mato Grosso marca o início da “saga” da BRF para cumprir a meta de desinvestimentos. “Consideramos o anúncio como positivo (…) Ambos os ativos provavelmente estavam mostrando performance abaixo da esperada nos últimos anos, o que torna impossível calcular razoavelmente valores”, disseram os analistas, avaliando que a BRF deve fazer “muitos outros anúncios” de vendas nas próximas semanas e meses.
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As ações da BRF exibiam queda de 0,26% às 15h56, a R$ 23,02, enquanto o Ibovespa mostrava estabilidade.
Luz disse que os US$ 60 milhões de dólares oriundos da venda da Quickfood e os R$ 100 milhões da venda da fábrica e terreno no Mato Grosso devem entrar no caixa da BRF em janeiro. A BRF tem vencimentos de R$ 1,7 bilhão em dívidas no primeiro trimestre, e vai usar os recursos com as vendas de ativos para reduzir alavancagem.
Segundo o executivo, a BRF tem “excesso de caixa” se for considerado que a empresa tem recursos disponíveis de R$ 6,3 bilhões, além dos R$ 822 milhões de vendas de ativos e a geração de caixa de 2019. “Temos mais do que o suficiente para pagar toda a dívida”, disse o executivo.
Ele acrescentou que a venda da Quickfood deve gerar uma perda contábil para a BRF no balanço do quarto trimestre, diante do valor menor de venda da unidade em relação ao pago pela BRF para ficar com empresa sete anos atrás. O valor do impacto contábil, no entanto, ainda não foi calculado, disse Luz.