A compra da Alstom pela Siemens no Brasil cria riscos à concorrência no setor de sinalização ferroviária, segundo documento da superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) divulgado ontem (4). A operação global foi anunciada em setembro de 2017. No Brasil, o negócio resultará em sobreposição nos setores de eletrificação e sinalização de ferrovias. Para a superintendência do órgão antitruste, não há risco à concorrência no segmento de eletrificação, pois esse mercado tem vários participantes importantes e participação pulverizada.
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“Além disso, as informações obtidas junto aos concorrentes não apontaram maiores preocupações”, diz o relatório. Mas o parecer indica possíveis ameaças à concorrência nos setores de sinalização. Segundo a superintendência do Cade, com a fusão, restaria somente uma empresa capaz de competir com Siemens e Alstom na sinalização de transporte de carga.
Em relação à sinalização urbana, o documento afirma que há um número maior de concorrentes, mas essas empresas não têm potencial de concorrer com a Siemens e a Alstom. Além disso, diz o levantamento, a entrada de novos concorrentes não é simples e depende da mais investimento em transporte ferroviário. “Por essas razões, a superintendência entendeu que a operação não pode ser aprovada da forma como foi apresentada ao Cade”, afirma a superintendência.
A operação foi notificada ao Cade em 26 de junho. O prazo para a decisão final é de 240 dias, prorrogáveis por mais 90.