O dólar terminou o dia (11) com leve alta, com a atuação do Banco Central no mercado de câmbio atenuando as preocupações do exterior reforçadas no período vespertino pelo Brexit e ameaças do presidente Donald Trump de paralisação do governo norte-americano.
LEIA TAMBÉM: Dólar tem maior preço desde 2 de outubro, acima de R$ 3,90
A moeda norte-americana avançou 0,05%, a R$ 3,9207 na venda, depois de bater a mínima de R$ 3,8892 logo após a abertura. Na máxima, esta tarde, foi a R$ 3,9239. O dólar futuro rondava a estabilidade.
“É muita indefinição. Ninguém tem a menor ideia de qual será o resultado e isso traz ansiedade e cautela”, disse o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.
Ele se referia à notícia de que parlamentares do partido da primeira-ministra britânica, Theresa May, estão confiantes de que conseguiram o número suficientes de cartas para provocar um voto de não confiança sobre a liderança da premiê, disse a subeditora de política da emissora “Sky News” nesta terça-feira.
May tem encontrado dificuldades no acordo para o Reino Unido deixar a União Europeia. Depois de ter conseguido chegar a um consenso com o bloco europeu, corria o risco de não aprovar o texto no Parlamento do país. Na véspera (10), temendo uma derrota, preferiu suspender a votação do texto que seria realizada hoje.
Mais cedo, um porta-voz de May disse que o acordo seria colocado em votação em 21 de janeiro.
A notícia sobre o voto de não-confiança acabou reacendendo a cautela nos negócios globais e fazendo o dólar subir ante as divisas emergentes, como o peso chileno, e a apagar a queda ante o real. A moeda também subia ante a cesta de moedas
O movimento ganhou reforço com ameaças de Trump de que preferia uma paralisação do governo a ficar sem recursos para construir um muro na fronteira com o México.
Internamente, o dólar subiu 2% nas últimas cinco sessões e terminou ontem no maior valor desde 2 de outubro, o que levou o Banco Central a anunciar um novo leilão de linha – venda com compromisso de recompra –, ajudando na resiliência da moeda local.
“Tudo indica que a intervenção do BC será capaz de conter a pressão sobre a moeda estrangeira, sinalizando claramente que repetirá o movimento toda vez que fatores externos promoverem a desvalorização artificial da moeda nacional”, escreveu mais cedo a corretora Correparti em relatório.
Para os analistas da corretora, o BC “manteve a coerência” ao chamar os leilões após a moeda norte-americana ter se aproximado do patamar de R$ 3,95.
O Banco Central vendeu integralmente mais US$ 1 bilhão em linha, no quarto leilão de novos contratos feito desde o final de novembro pela autoridade, que ainda rolou mais US$ 1,25 bilhão que venciam no início deste mês. Em novos contratos, foram US$ 4 bilhões até o momento.
“A preocupação é que a tensão externa se some ao período onde as empresas direcionam recursos para suas matrizes e a intervenção visa dar liquidez e segurar um pulo mais forte do dólar ante o real na reta final do ano”, escreveu o analista da corretora Mirae Pedro Galdi.
Além do Brexit, outras preocupações que içaram recentemente a moeda norte-americana ainda não se dissiparam, entre elas a desaceleração econômica global, guerra comercial entre Estados Unidos e China e o Brexit.
Nesta tarde, o “Washington Post” informou, citando autoridades dos EUA, que o governo Donald Trump vai condenar a China por hacking e espionagem econômica e tomará medidas contra a nação asiática usando sanções e indiciamentos.
Mais cedo, China e EUA discutiram o roteiro para o próximo estágio de suas negociações comerciais, durante uma ligação telefônica entre o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, e o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, e o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, o que ajudou a aliviar os mercados.
Internamente, os investidores seguiam monitorando o noticiário político local, a poucos dias de ter início o novo governo.
O BC vendeu nesta sessão 13,83 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 4,84 bilhões do total de US$ 10,373 bilhões que vence em janeiro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final da semana que vem, terá feito a rolagem integral.