A Embraer informou hoje (17) que aprovou com a Boeing os termos da venda do controle de sua divisão de aviação comercial para o grupo norte-americano, em uma operação em que espera obter cerca de US$ 3 bilhões como resultado.
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O acordo foi acertado após um memorando de entendimento assinado em julho entre as empresas, que já estabelecia que a Boeing terá 80% da companhia a ser criada com a divisão de aviação comercial da Embraer. A empresa brasileira ficará com o restante e terá poder de decisão sobre “alguns” temas estratégicos, afirmou a Embraer em comunicado ao mercado.
As empresas informaram que ainda aguardam aprovação do governo brasileiro para dar andamento ao negócio. O acordo foi divulgado uma semana depois de o Tribunal Regional Federal da 3ª região (TRF3) ter revogado liminar que impedia as empresas de seguirem com as negociações.
Entre os temas estratégicos em que a Embraer poderia ter poder decisório estaria uma eventual transferência das operações da joint-venture do Brasil.
O negócio atribui para a divisão de aviação comercial da Embraer, a principal geradora de recursos para a companhia brasileira, um valor de US$ 5,26 bilhões. Quando da assinatura do memorando de entendimentos entre as duas empresas, no início de julho, o valor atribuído para a operação era de US$ 4,75 bilhões.
Segundo os termos do acordo divulgado hoje, Boeing e Embraer também concordaram em criar uma segunda joint-venture para promover a venda do cargueiro KC-390, a maior aeronave já desenvolvida no Brasil. Nesta joint-venture, a Embraer terá 51% de participação e a Boeing o restante.
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O acordo na divisão comercial permite que a Embraer tenha uma opção de venda de sua participação a qualquer momento. Porém, foi definido um período de “lock up” de 10 anos e caso a empresa brasileira execute a opção antes disso, o preço por ação a ser pago será igual ao da data de fechamento do negócio ajustado pela inflação nos Estados Unidos. Após o período, o preço será igual ao valor justo no momento do exercício.
As empresas mantiveram acerto anterior que previa que a joint-venture na aviação comercial será sediada no Brasil e reportará diretamente ao presidente-executivo da Boeing, hoje sob comando de Dennis Muilenburg.
As empresas estimam que as sinergias anuais com a joint-venture de aviação comercial devem chegar a cerca de US$ 150 milhões por ano, excluídos impostos, até o terceiro ano de operação. A nova empresa somente deverá contribuir para os resultados da Boeing a partir de 2021.
Logo após a abertura do pregão, as ações da Embraer subiam cerca de 6%, a R$ 22,03, enquanto o Ibovespa mostrava variação positiva de 0,11%.
Na semana passada, deputados petistas que moveram a ação que resultou na liminar, posteriormente cassada, afirmaram que o negócio “significa o fim da Embraer no Brasil”. Segundo o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), “a tendência é a empresa deixar de funcionar no Brasil, talvez se transformar em um mero departamento de manutenção aqui”. O parlamentar avaliou ainda que o negócio “implica prejuízo ao sistema de defesa brasileiro”.
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O presidente-executivo da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, afirmou no comunicado desta segunda-feira, no entanto, que a operação “será de grande valor para o Brasil e para a indústria aeroespacial brasileira como um todo. Esta aliança fortalecerá ambas as empresas no mercado global e está alinhada à nossa estratégia de crescimento sustentável de longo prazo”.