O Uber e a rival menor Lyft estão lado a lado no caminho para uma estreia no mercado de ações, e isso pode não ser um bom sinal para a Lyft, conforme os investidores decidem onde colocar suas apostas no setor de transporte urbano compartilhado.
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As duas empresas apresentaram os documentos confidenciais da oferta pública inicial (IPO) à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, na última quinta-feira (6), sugerindo que suas listagens poderiam ocorrer no mesmo período, a menos que uma delas decida fazer uma pausa.
Alguns investidores de IPO entrevistados pela Reuters disseram que duas ofertas de ações em sequência podem forçá-los a escolher entre o Uber e a menor e menos diversificada Lyft.
“A vantagem de ser o primeiro a realizar o IPO é a capacidade de controlar o seu destino sem ser impactado pelo desempenho da listagem concorrente no mercado público”, disse Jim Williams, diretor de investimento da Creative Planning, uma gestora de riqueza e investimentos, que gerencia US$ 35,7 bilhões e aconselha clientes que já possuem ações da Lyft e do Uber, ou estão considerando comprá-las.
A primeira empresa a abrir capital vai definir o setor aos olhos dos investidores do mercado de ações.
O Uber provavelmente chamará a atenção dos investidores para sua maior participação de mercado e operações comerciais mais amplas, como transporte de cargas e entrega de alimentos, enquanto a Lyft apostará em seu negócio menor, mas altamente focado, disseram pessoas próximas às duas empresas.
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A Lyft opera nos EUA e no Canadá, e a maioria de seus negócios é compartilhamento de carros, embora, como o Uber, tenha recentemente iniciado serviços de aluguel de bicicletas e patinetes. A companhia espera ser avaliada entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões em seu IPO, disseram fontes.
O Uber, por outro lado, opera em mais de 70 países – embora, como a Lyft, ainda seja pouco rentável. Bancos de investimento disseram que a oferta pública inicial poderia avaliar a empresa em até US$ 120 bilhões, o que seria um dos maiores IPOs já registrados e provavelmente acabaria com a maior parte do apetite dos investidores no setor.
“Teria sido uma vantagem particular para a Lyft ter aberto capital mais cedo, quando o Uber estava sob muita pressão do ponto de vista de relações públicas”, disse Alex Wellins, cofundador da consultoria de IPO e empresa de relações com investidores Blueshirt Group LLC.
A Lyft não pressionou por um IPO mais cedo porque queria aumentar seus negócios, elevar a receita e tornar sua oferta de ações mais atraente para os investidores, segundo fontes com conhecimento do assunto.
As empresas estão apostando em uma recepção semelhante dos investidores do mercado público que viram em suas rodadas de financiamento privado, que receberam adesão acima da oferta.
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Para ter certeza, Uber e Lyft poderiam decidir distanciar seus IPOs. E se a recente volatilidade do mercado de ações continuar, as empresas podem ainda mudar completamente seus planos de listagem.
Fontes disseram que até agora não houve mudanças nos planos de IPOs da Lyft, à luz das notícias da ação do Uber.
Os porta-vozes da Lyft e do Uber não comentaram o assunto.