A primeira-ministra britânica, Theresa May, ganhou voto de confiança de seu partido Conservador ontem, mas 117 de seus parlamentares disseram que ela não é mais a líder certa para implementar a saída do Reino Unido da União Europeia. May precisava de 159 votos para conquistar o voto de confiança e permanecer como líder dos conservadores. A saída do Reino Unido da UE, prevista para 29 de março, foi colocada em xeque por causa da oposição de parlamentares ao acordo de separação que ela firmou com a UE no mês passado, o que abriu várias possibilidades, incluindo um adiamento do Brexit ou até mesmo um novo referendo sobre associação à UE.
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Na segunda-feira, May cancelou uma votação parlamentar sobre o acordo, pensado de modo para que se mantenha uma relação próxima com a UE, após ter ficado claro que ela perderia a votação. Críticos do acordo dentro de seu próprio partido desencadearam um voto de desconfiança sobre a liderança de May na terça-feira, horas depois que ela voltou de negociações com líderes europeus cujo objetivo foi de angariar garantias adicionais ao seu acordo.
Falando após a votação, May disse que seguirá com a sua “missão renovada” de tirar o Reino Unido da UE após sobreviver a um desafio de liderança por parlamentares do seu próprio partido Conservador. “Após esse voto, nós agora temos de prosseguir com o trabalho de entregar o Brexit para o povo britânico e construir um futuro melhor para esse país”, disse May a repórteres do lado de fora da sua residência oficial em Downing Street.
Ela afirmou que buscará garantias políticas e legais de líderes da UE na quinta-feira sobre o arranjo na fronteira entre a Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte.
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Após duas horas de votação em uma sala na Câmara, Graham Brady, presidente do Comitê 1922 de deputados conservadores, disse que 200 parlamentares do partido votaram em defesa de May como líder, e 117 contra, indicando que seu partido estava amargamente dividido sobre a direção do Brexit.
Apoiadores disseram que o resultado mostrou que o partido agora deve apoiá-la. Mas os defensores linha-dura do Brexit que desencadearam a votação porque viram o acordo de May como uma traição do referendo de 2016 disseram que ela agora deve renunciar. “É um resultado terrível para a premiê”, disse Jacob Rees-Mogg, líder de uma facção linha-dura do Brexit dentro do partido, à BBC. “A premiê deve perceber que, sob todas as normas constitucionais, ela deve buscar a rainha urgentemente e renunciar”. Mas o ministro de Transporte e apoiador leal de May, Chris Grayling, disse que o partido a endossou “confortavelmente”.
Brexit em risco?
May, que votou para permanecer na UE no referendo de 2016, havia alertado oponentes sobre o seu acordo de saída – acertado após dois anos de negociações — que se eles a derrubassem, o Brexit seria adiado ou interrompido. Pouco antes da votação, May buscou conquistar parlamentares indecisos ao prometer deixar o posto antes da eleição de 2022.