A elétrica Taesa pagará R$ 942,5 milhões por ativos de transmissão de energia da Âmbar, controlada pela holding J&F, e ainda assumirá R$ 414 milhões em dívidas de longo prazo associadas aos empreendimentos, disseram hoje (18) à Reuters executivos da companhia.
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Controlada pela mineira Cemig e pelo grupo colombiano ISA, a Taesa anunciou a aquisição na véspera (17), em negócio que envolve 100% das ações da São Pedro Transmissora e da São João Transmissora, bem como 51% da Triângulo Mineiro Transmissora e da Vale do São Bartolomeu Transmissora, todas com linhas de energia já em funcionamento.
“As dívidas são de longo prazo, então nós pagaremos já com o fluxo de receitas da operação. A maior parte é junto à Caixa Econômica Federal, com taxa bem baixa, grande parte com taxa de juros de 3,5% ao ano”, disse à Reuters o diretor financeiro da Taesa, Marcus Aucélio.
Ele adicionou que a Taesa prepara uma captação de cerca de R$ 850 milhões no primeiro trimestre de 2019 para levantar recursos para o pagamento da transação com a Âmbar e para quitar também uma compra de ativos da Eletrobras fechada pela companhia em um leilão realizado em setembro.
“Para pagar essa compra e mais os ativos da Eletrobras precisaríamos de em torno de R$ 1,25 bilhão, mas para fazer frente a esse pagamento precisaremos de R$ 850 milhões. O resto é caixa, a companhia tem um caixa muito alto”, explicou. “Nossa ideia é emitir debêntures, e a gente já começou a ver com os bancos.”
A Âmbar passou a negociar a venda de seus ativos no setor de energia após o grupo J&F ser envolvido nas investigações da Operação Lava Jato.
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A conclusão da operação está condicionada ao cumprimento de determinadas condições precedentes previstas em contrato, que incluem cláusulas que buscam proteger a Taesa de eventuais impactos das investigações anti-corrupção.
Assim, o fechamento dependerá de questões como a inexistência de impedimentos legais ou efeitos materiais adversos relacionados aos ativos, bem como declaração do Ministério Público Federal (MPF) sobre o cumprimento do acordo de leniência fechado pela J&F.
O negócio prevê também que os vendedores deverão indenizar a Taesa caso ela incorra em perdas relacionadas a uma eventual violação de leis anticorrupção pela J&F.
O presidente da Taesa, Raul Lycurgo Leite, disse à Reuters que essas e outras cláusulas vão “blindar” a empresa de qualquer prejuízo no negócio por questões relacionadas a compliance.
Os ativos representam linhas de transmissão com 1.227 quilômetros de extensão, que adicionarão ao portfólio atual da Taesa uma receita anual de R$ 130,1 milhões (incluindo reforços em construção).
APETITE POR LEILÃO
O anúncio da aquisição pela Taesa, no entanto, não afeta os planos da companhia em disputar um leilão do governo federal que oferecerá a investidores no dia 20 de dezembro concessões para novos projetos de transmissão de energia.
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O presidente da companhia disse que as negociações com a Âmbar já aconteciam há meses e que, por isso, não afetaram a preparação para a licitação desta semana.
“Em hipótese alguma, efetivamente não atrapalha, a gente já vinha planejando esse fechamento da operação da Âmbar e também a participação no leilão… Nossa participação está assegurada”, afirmou ele.
O leilão de transmissão oferecerá empreendimentos cuja construção deverá exigir investimentos de mais de R$ 13 bilhões nos próximos cinco anos.