O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem (11) que a China está comprando uma “enorme quantidade” de soja norte-americana e que negociações comerciais com Pequim já estão sendo feitas por telefone, acrescentando que são aguardadas mais reuniões entre autoridades dos dois países. Segundo Trump, o governo chinês está “de volta ao mercado” para comprar soja dos EUA depois de uma trégua em 1º de dezembro na guerra comercial envolvendo Washington e Pequim. Operadores em Chicago, no entanto, disseram não ter visto nenhuma evidência de uma retomada de tais compras após a imposição de uma tarifa de 25% sobre a soja dos EUA em julho.
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“Acabei de ouvir hoje que eles estão comprando enormes quantidades de soja. Eles estão começando, apenas começando agora”, afirmou Trump na entrevista. Trump também disse acreditar que a China reduzirá em breve as tarifas dos automóveis norte-americanos para 15%, em relação aos atuais 40%. “Eu acho que eles estão querendo fazer isso imediatamente, muito rapidamente”, disse.
Um funcionário do governo Trump disse à Reuters que o plano da China para cortar as tarifas de automóveis foi esboçado em um telefonema entre o vice-premiê chinês, Liu He, o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin.
Vendas de soja atendidas
Os dados do governo dos EUA não mostram nenhuma venda de soja para a China desde julho, quando Pequim impôs tarifas sobre o fornecimento de oleaginosas dos EUA em retaliação aos impostos dos EUA sobre produtos chineses. Traders aguardam sinais de confirmação de uma retomada das compras chinesas de soja dos EUA, particularmente depois que Trump tuitou na manhã de terça-feira que “conversas muito produtivas” estavam acontecendo com a China. “Preste atenção em alguns anúncios importantes”, acrescentou.
Os futuros de soja na Bolsa de Chicago avançaram ontem, com a esperança de que novos acordos fossem assinados em breve, mas não havia sinais de aumento de atividade nos mercados à vista, disseram operadores. As normas do Departamento de Agricultura dos EUA exigem que os exportadores relatem imediatamente as vendas de 100 mil toneladas ou mais de uma commodity em um único dia.
No ano passado, a China comprou cerca de 60% das exportações de soja dos EUA em transações avaliadas em mais de US$ 12 bilhões. Com as exportações perdidas, os preços da soja caíram para o menor patamar em uma década, sobrecarregando os fazendeiros norte-americanos, um importante eleitorado dos Trump.
Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, pediram uma trégua temporária em sua guerra comercial em 1º de dezembro. Trump concordou em adiar por 90 dias o aumento previsto para 1º de janeiro nas tarifas sobre produtos chineses enquanto os dois lados negociam o aumento das compras chinesas de produtos agrícolas dos EUA, entre outros pontos.
Trump disse na terça-feira que essas negociações já estavam acontecendo por telefone. “Provavelmente teremos outra reunião. E talvez uma reunião das principais pessoas de ambos os lados”, disse Trump. “Se for necessário, vou ter outra reunião com o presidente Xi, de quem gosto muito e com quem me dou muito bem.”
Trump não ofereceu nenhum cronograma para novas reuniões face a face entre autoridades americanas e chinesas. Ele disse que esperaria para aumentar as tarifas sobre produtos chineses para 25%, de 10%, até que se torne evidente se os Estados Unidos e a China podem fazer um acordo.
Juros contra a China
Trump também afirmou que será um erro se o Federal Reserve elevar a taxa de juros quando se reunir na próxima semana, como esperado, dando continuidade às críticas ao banco central dos Estados Unidos. “Acho que seria insensato, mas o que posso dizer.” Trump afirmou que precisa da flexibilidade de taxa de juros mais baixa para sustentar a economia dos EUA em meio à batalha comercial conta a China, e potencialmente contra outros países. “É preciso entender, estamos disputando algumas batalhas e estamos vencendo. Mas preciso de expansão também”, disse ele.
Trump escolheu Jerome Powell como chairman do Fed, mas tem se oposto repetidamente a ele desde que Powell assumiu o comando do banco central norte-americano em fevereiro. Em agosto, Trump disse que não estava “animado” com as altas de juros promovidas por Powell.