Dois processos de acionistas encaminhados nesta semana acusam o conselho de administração da controladora do Google, a Alphabet, de ter um papel direto no acobertamento de duas queixas de assédio sexual na companhia ao longo dos últimos cinco anos.
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A empresa não comentou o assunto.
Ambos os processos buscam forçar o Google a mudar sua governança e procedimentos de supervisão para evitar futuras questões de comportamento no ambiente de trabalho. As ações também querem que os diretores da Alphabet paguem valores para a empresa por suspostamente violarem deveres fiduciários.
As alegações derivam principalmente de grandes pagamentos de fim de contrato a Andy Rubin, que liderou a divisão Android até 2014, e a Amit Singhal, diretor da unidade de busca do Google até 2016. Investigações da companhia sobre ambos consideraram que as acusações de assédio sexual são críveis, segundo os processos.
Rubin e Singhal negam as acusações. O presidente-executivo do Google, Sundar Pichai, pediu desculpas no ano passado aos funcionários pelos casos passados de assédio e prometeu melhorar as práticas da companhia.
Um dos dois processos cita atas do conselho da Alphabet que mencionam discussões sobre as situações dos executivos.
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James Martin, autor de uma das ações, obteve os documentos por meio de uma demanda de acionista, segundo o processo. O Google forneceu os documentos sob a condição de não serem publicados, segundo advogados, e detalhes sobre as atas constam em pelo menos oito páginas no processo de 82 páginas encaminhado ontem (10).
O advogado de Martin, Frank Bottini, afirmou que sua equipe planeja mostrar que o Google amargou centenas de milhões de dólares em prejuízos, incluindo os pagamentos feitos aos executivos acusados de assédio sexual, e perda de produtividade de funcionários ao redor do mundo quando houve um protesto promovido por eles em novembro.
Os protestos dos funcionários ocorreram depois de reportagem do “New York Times”, em outubro, que afirmou que o Google concedeu, em 2014, um pacote de saída a Rubin de US$ 90 milhões.
Ellen Winick Stross, advogada de Rubin, afirmou ontem que o processo de Martin, “como muito da recente cobertura da imprensa, não é verdadeiro sobre a saída de Andy do Google e promove acusações sensacionalistas contra Andy por sua ex-esposa. Andy deixou o Google voluntariamente. Ele nega qualquer ato irregular, e vamos contar sua história no tribunal”.
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O processo pede para a Alphabet adicionar pelo menos três diretores independentes a seu conselho e adotar uma estrutura de “uma ação, um voto” para aumentar a supervisão dos acionistas sobre as decisões da administração. Executivos da companhia atualmente controlam direitos de voto equivalentes a 10 votos cada.
O segundo processo, aberto na quarta-feira (9) por dois fundos de pensão da Califórnia, cita documentos da companhia e relatos da imprensa.