O ex-presidente do conselho de administração da Nissan Carlos Ghosn propôs utilizar uma tornozeleira eletrônica e contratar guardas para monitorá-lo, em uma oferta incomum para conseguir ser solto mediante pagamento de fiança após dois meses preso no Japão por suspeita de crimes financeiros.
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Ghosn também está disposto a permanecer em Tóquio, onde alugou um apartamento, e a usar ações que possui da Nissan como garantia, segundo sua porta-voz. Uma nova audiência de fiança está prevista para esta semana, depois que um pedido anterior foi negado, em parte devido a preocupações de que o executivo pudesse fugir.
A libertação permitiria que Ghosn se reunisse com mais frequência com seus advogados e se defendesse no conselho da Renault, da qual permanece como presidente, além de CEO, em meio a pedidos pela sua remoção e potenciais passos para reestruturar a parceria com a Nissan.
À medida que a prisão do executivo continua a comprometer a perspectiva para a aliança da Nissan com a francesa Renault e a Mitsubishi Motors, a Nissan disse que não é hora de discutir a revisão dos laços entre os parceiros.
Ghosn, que liderou a recuperação da Nissan duas décadas atrás, pressionava por uma aliança mais profunda entre a Nissan e a Renault, incluindo uma possível fusão completa, apesar de fortes ressalvas por parte da empresa japonesa.“Nós não estamos no momento para discussões do tipo”, disse hoje (21) o CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, a repórteres.
Saikawa também disse não ter ouvido diretamente sobre uma suposta proposta francesa para integrar a administração da montadora japonesa com a Renault, acrescentando que não é hora de discutir a revisão dos laços entre os parceiros.
O jornal japonês “Nikkei” reportou ontem (20) que uma delegação do governo francês havia informado a Tóquio que irá buscar uma integração da Renault com a Nissan, provavelmente sob o guarda-chuva de uma única holding. “Como não ouvi isso diretamente, não posso comentar”, disse Saikawa a repórteres.
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Segundo a emissora pública japonesa “NHK”, o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, disse a jornalistas que uma proposta de integração “não está sobre a mesa agora”.
Uma fonte com conhecimento do funcionamento da Nissan disse que a suposta proposta francesa não “faz sentido”, dada as diferentes culturas das duas empresas, a menor produtividade da Renault e a maior contribuição da Nissan para tecnologias-chave.“É uma fusão virtual, eu não acho que faça sentido”, disse a fonte acrescentando que não ouviu diretamente sobre uma proposta do tipo.
Ghosn nega ter cometido qualquer irregularidade, à medida que aguarda o julgamento por fraude financeira. “Eu vou comparecer ao meu julgamento não apenas porque sou legalmente obrigado, mas porque estou ansioso para finalmente ter a oportunidade de me defender”, disse Ghosn em comunicado ontem. “Eu não sou culpado das acusações feitas contra mim e estou ansioso para defender a minha reputação no tribunal.”